Este trabalho propõe um diálogo sobre a velhice na perspectiva das práticas agroecológicas, neste caso, no contexto das hortas e quintais, onde elas se tornam ferramentas de diálogo e das trocas de saberes, sendo capazes de catalisar o processo de produção de vida. O estudo foi realizado no período da pandemia de COVID-19 e de isolamento social em 2020 e 2021, com um grupo de pessoas idosas intitulado projeto HorTOCAR, um espaço de trocas de saberes sobre atividades de agricultura caseira. A observação participante foi utilizada como método tomando como premissa a correspondência segundo proposta pelo antropólogo Tim Ingold (2017). Tal respaldo metodológico proporcionou aos pesquisadores o suporte necessário para uma participação social ativa dentro do grupo. Mesmo no contexto de um grupo remoto de modalidade on-line, as atividades propostas visavam diversas formas de expressão por meio dos fazeres e da experimentação além dos limites da comunicação verbal. Os encontros constituíram-se como respostas aos desafios relacionados à construção de um espaço de troca de saberes capaz de fomentar correspondências no contexto de isolamento social, além de promover a autonomia das pessoas idosas na realização das atividades. Como resultado, foi possível proporcionar aos participantes um espaço de encontro social produtor de vida apesar das incertezas advindas do momento histórico.