Este artigo analisa o impacto do 25 de Abril de 1974 na programação da RTP, em particular os programas informativos não diários produzidos pelo Departamento de Programas Político-Sociais (DPPS). Estes refletem as visões da época sobre a natureza e a vocação de uma televisão popular e permitem caracterizar o processo de “invenção da televisão revolucionária”, criada para responder ao ambiente revolucionário do PREC (1974-1975). Este processo, marcado pelas relações de força que ditaram as orientações das sucessivas administrações e direções de informação e de programação da RTP, não se esgota no campo político. Foi acompanhado de uma discussão alargada sobre o papel do jornalismo televisivo na construção da democracia portuguesa e na articulação com a sociedade. É essa discussão, refletida na natureza e tipo de programas criados para responder às necessidades de informação e formação do povo identificadas na época, que constitui o foco deste artigo.