A presente reflexão se configura como uma análise acerca de alguns dos principais textos fundadores da América Latina do século XIX, de forma a observar como parte dos intelectuais da época estruturaram os diferentes projetos de Estado-Nação consolidados em modelos sociais que, direta ou indiretamente, promoveram alguma forma de etno/epistemicídio dos povos indígenas sob a justificativa da modernização a partir dos moldes europeus. Alguns destes pesadores buscavam a exaltação da civilização e a negação das origens autóctones, com destaque às obras como O Socialismo de Abreu e Lima, Carta de Jamaica de Simón Bolívar, Ariel de José Enrique Rodó e Facundo: Civilización y Barbarie en las Pampas Argentinas de Domingo Faustino Sarmiento. Influenciados pelo positivismo, estes textos buscavam nos moldes europeus a base para as estruturas sociais, culturais, políticas e econômicas, que disseminava no continente uma episteme altamente excludente para com os povos indígenas bem como outros grupos sociais mestiços que não se enquadravam no pensamento e projetos nacionais de ênfase cosmopolita e oligárquica.