Os estudos sobre a chamada “fala telegráfica” são, em geral, desenvolvidos no contexto das investigações sobre o agramatismo. Essa produção caracteriza-se pela omissão e/ou substituição de morfemas livres ou flexionais, com predominância de palavras de classes abertas e tem sido, na maioria dos estudos linguísticos, atribuída a um déficit de natureza sintática (GRODZINSKY, 1984). Entretanto, há autores que a relacionam a um distúrbio de acesso lexical, predominantemente morfológico (BRADLEY et al., 1980), enquanto outros afirmam tratar-se de dificuldades no acesso fonológico (KEAN, 1985). Embora em menor número, há trabalhos que destacam sua natureza predominantemente pragmática (KOLK et al., 1985; NESPOLOUS, 1997). Caramazza e Berndt (1985), partindo da diversidade de perspectivas, caracterizam o agramatismo como um “déficit multicomponencial”. Este artigo visa apresentar uma abordagem integrada dos níveis linguísticos (JAKOBSON, 1954; COUDRY, 1988[1986]), à luz da Neurolinguística de orientação enunciativo-discursiva, tendo como foco a produção de “fala telegráfica”.