A colonização britânica e o declínio da produção de juta indiana: singularidades e possibilidades para a Amazônia

Abstract

Resumo: Neste texto analisamos a relação entre a colonização britânica da Índia e o processo de declínio da produção têxtil de juta local no século XIX. Trata-se de uma pesquisa documental e bibliográfica realizada em Calcutá 3 , estado de West Bengal/Índia, a partir de uma revisão da literatura produzida em língua inglesa por estudiosos indianos e estrangeiros. Assim, este é um trabalho de interpretação, cujo objetivo é produzir novos conhecimentos acerca das singularidades e especificidades da produção têxtil no subcontinente indiano no período colonial, visto que a compreensão do passado indiano relacionado à sua produção têxtil também tem por objetivo fornecer subsídios teóricos e práticos para se analisar o declínio da produção têxtil de juta na Amazônia e, também, a possibilidade de uma possível reativação dessa atividade.Abstract: In this text we analyze the relationship between the British colonization of India and the downfall process of jute's local textile production on the XIX century. This paper addresses a documentary and bibliographic research carried out in Calcutta, state of West Bengal/India. The research strategies used are a literature review of the subject, produced in English by Indian and foreign scholars. In this sense, it is a work of interpretation, whose objective is to produce new knowledge about the singularities and specificities of the textile production in the Indian subcontinent on the colonial period. The understanding of the Indian past in regard to its textile

O uso da Malva no Brasil

“…Era uma praga, segundo ele. Quem precisava dar ao seu terreno Página | 18 uma aplicação cultural qualquer, dificilmente se via livre dessa erva daninha (FERREIRA, 2022). Telles afirma que foi fácil descobrir que se tratava de uma planta têxtil, e um primeiro ensaio foi suficiente para revelar não poucas das preciosas qualidades características da fibra contida no líber.…”

“…Tabela 1: Oferta de sementes e de produção de fibras de malva no Amazonas (2000-2019). Nunca houve falta desse insumo enquanto o IFIBRAM foi demandado e patrocinado para executar tal atividade, mas esse quadro sofreu alterações drásticas com a paralisação dos investimentos das indústrias de aniagem para a produção de sementes via essa instituição (FERREIRA, 2022).…”

“…A história da juta (Corchorus olitorius L. e Corchorus capsularis L.) e da malva (Urena Lobata L.) no Brasil tem início no final do século XIX nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. A ideia de introduzir essas lavouras nesses locais estava relacionada diretamente à conjuntura política e econômica do período, marcada por inúmeros avanços técnicos e científicos na área da agricultura, bem como pela superprodução de café, que exigia consideráveis estoques de sacarias para a embalagem dessa commodity (FERREIRA, 2022).…”

“…Por sua vez, o nascimento e o desenvolvimento da indústria da juta em São Paulo também estão diretamente ligados a essa conjuntura e às dificuldades de circulação de produtos agrícolas in natura ou industrializados de origem estrangeira, ocasionadas pelos embaraços da Primeira Guerra Mundial. Foi esse cenário que fez aflorar os discursos de modernização e de diversificação da agricultura paulista e fluminense (FERREIRA, 2022). Assim, em São Paulo, a oligarquia cafeeira percebeu a necessidade de diminuir a dependência da monocultura e procurou diversificar suas culturas, ou seja, tudo que pudesse ser criado, cultivado ou extraído, fosse de origem nacional ou estrangeira, deveria ser pesquisado e sua efetivação deveria ser buscada com afinco (FERREIRA, 2016).…”

“…Desenvolveu-se na região, então, uma modalidade agrícola cujas técnicas de cultivo e extração das fibras foram rapidamente absorvidas pelos agricultores amazônicos. Em seu auge (década de 1960), mais de 60 mil famílias das áreas de várzea dos estados do Amazonas e do Pará viviam da extração das fibras de juta, sem contar as fábricas e as prensas de beneficiamento de fibras existentes no Pará -Castanhal, Belém e Santaréme no Amazonas -Parintins, Manacapuru e Manaus (HOMMA; FERREIRA, 2011;FERREIRA, 2022).…”