O artigo investiga os fundamentos racistas do autoritarismo brasileiro por meio da análise da obra de Oliveira Viana. Primeiramente, desenvolve-se a ideia de “decantação branca da teoria social”, fenômeno pelo qual a branquidade separa e joga fora a crítica ao racismo de determinado autor, purificando seu pensamento. Em seguida, com base nos aportes de Clóvis Moura e Michel Foucault, são analisados como os argumentos de Viana a respeito do “tipo racial” local e do “povo” como objeto da ciência representam um momento de virada da ciência brasileira. Através do saber gerencial da população, tais concepções vinculam decisivamente “raça” e administração pública, constituindo a soberania como biopolítica e a arquitetura institucional do estado como gestão racial da vida e da morte. Conclui-se que o pensamento de Viana foi estratégico para lidar com os dilemas da branquidade brasileira diante dos impasses decorrentes do pós-abolição e das transformações políticas e econômicas globais do início do século XX.