A correlação entre o uso de cocaína/crack e a Esquizofrenia

Abstract

Este trabalho objetivou verificar o perfil dos pacientes esquizofrênicos, a frequência de dependência química de cocaína/crack entre eles, a relação do uso de drogas com eventos estressantes, morbidade psiquiátrica e atividade sexual de risco. Foi feito um estudo transversal com aplicação de questionários a pacientes esquizofrênicos com idade superior a 18 anos em tratamento em um hospital de Saúde Mental de Juiz de Fora/MG. Em uma amostra composta por 29 indivíduos foi evidenciada a predominância masculina, igual distribuição de raça entre os declarados brancos e pardos e uma maioria de indivíduos solteiros. Houve predomínio de pacientes sedentários, com diagnóstico de uma ou mais doenças mentais além da esquizofrenia e 69% dos indivíduos já utilizou ou utilizava, no momento da pesquisa, alguma droga de abuso. Foi possível observar uma associação entre o uso de cocaína e crack e a sensação de desaparecimento dos sintomas da doença psiquiátrica em questão. Por fim, foi constatada a prevalência do uso de drogas antecedendo a relação sexual e a predominância de pacientes que possuíam hábito de faltar às aulas durante o período escolar. O estudo mostrou uma associação entre o uso de drogas e o desencadeamento dos sintomas psiquiátricos da esquizofrenia, além de uma relação entre o consumo de cocaína/crack e o alívio dos sintomas psiquiátricos da doença. Há necessidade de estudos mais profundos sobre esta associação, uma vez que é de relevância para a comunidade científica devido a sua possibilidade de incapacidade e maior propensão de crises devido ao uso concomitante de drogas.

Alterações neurofisiológicas decorrentes do uso crônico da maconha, cocaína e crack: uma revisão dos mecanismos neurofarmacológicos

“…A cocaína, uma substância de propriedades anestésicas e vasoconstritoras, desencadeia efeitos complexos no SNC e autores como Esteves et al (2023) e Lima, Gomes e Salazar (2022) destacam que ela é rapidamente absorvida pelo organismo por diferentes vias de administração, seja ela intranasal, intravenosa ou inalatória. Quanto ao mecanismo de ação, Matos et al (2022) destacam que a cocaína atua em três mecanismos principais: bloqueio da recaptação de aminas biogênicas, bloqueio dos canais de sódio e estimulação de aminoácidos excitatórios.…”

“…Quanto ao mecanismo de ação, Matos et al (2022) destacam que a cocaína atua em três mecanismos principais: bloqueio da recaptação de aminas biogênicas, bloqueio dos canais de sódio e estimulação de aminoácidos excitatórios. Quanto ao primeiro mecanismo, estudos de No Sistema Dopaminérgico, Rodrigues e Silveira (2022) destacam que a cocaína atua principalmente no SR em neurônios dopaminérgicos do mesencéfalo, com projeções para o núcleo accumbens (NA), estriado e córtex, mas atua também no sistema mesocortical, conforme Esteves et al (2023). Quanto ao mecanismo de ação, Caccia (2023) afirma que esse psicoativo mantém altos níveis de dopamina na fenda sináptica ativando neurorreceptores dopaminérgicos de 1 a 5 (D1-D5), além de neurônios noradrenérgicos, resultando em sensações de recompensa, prazer, ansiedade, euforia e excitação, aprendizado associativo e neuroplasticidade neuronal que fazem com que o usuário busque repetidamente a droga para reproduzir essas sensações.…”

“…O crack, uma forma altamente viciante de cocaína, é produzida pela adição de substâncias básicas, como o bicarbonato de sódio (NaHCO3) à pasta-base, adulterada por impurezas (FUKUSHIMA et al, 2019). Com base no estudo de Esteves et al (2023), o perfil de usuários de crack demonstra maior prevalência de consumo entre mulheres jovens quando comparadas aos homens também jovens, o que se correlaciona com falhas no rendimento escolar, dado que jovens usuários têm maior propensão a faltar às aulas.…”

“…Conforme Caccia (2023), o crack induz os mesmos efeitos da cocaína, entretanto, neste caso, são relativamente mais intensos e de curta duração. Esteves et al (2023) complementam essas informações ao pontuar que esse psicoativo atua nos sistemas mesolímbico, mesocortical e de recompensa bloqueando a recaptação de dopamina e hiperativando-a artificialmente, o que resulta em euforia, ansiedade, autoconfiança e sensação de recompensa mais intensos, mas também em estados de paranoia, irritabilidade e violência. Caccia (2023)…”