Este artigo aborda as Teorias da Conspiração no Brasil, entendidas como uma das várias formas de desinformação que compõem o distúrbio informacional contemporâneo. Para compreendê-las e caracterizá-las quanto a forma e conteúdo, foram realizados dois movimentos: uma revisão crítica da literatura, que procurou enfatizar os autores nacionais, e a observação sistemática e coleta de mensagens de dois grupos do aplicativo Telegram. Como resultado, foi possível identificar a prevalência de conteúdos que, embora instituam epistemologias alternativas, não desafiam o paradigma de pensamento da Modernidade. Quatro mecanismos retóricos se destacaram nas TCs: a circularidade, a nucleação suprimida, o maniqueísmo e o recurso a indeterminações concorrentes e simultâneas. As TCs provêm segurança e controle aos que a elas aderem, tanto devido à simplicidade lógica dos raciocínios propostos (baseados em causalidades lineares) quanto devido ao incremento de sua valorização e pertencimento sociais junto a outros conspiracionistas. Isso confere às TCs grande potencial de engajamento e mobilização de grupos sociais efetivamente fragilizados pelas estruturas vigentes e também daqueles que se consideram desfavorecidos devido à perda de privilégios aos quais estavam acostumados.