O objetivo deste artigo é analisar as maneiras através das quais as políticas indigenistas foram vistas e praticadas por sujeitos históricos relacionados à formação e manutenção dos aldeamentos indígenas de Nossa Senhora dos Anjos e São Nicolau do Rio Pardo na segunda metade do século XVIII. Os indígenas, as autoridades coloniais e a sociedade envolvente estabeleceram conflitos e alianças em torno das diretrizes assimilacionistas oriundas do Diretório dos Índios e do contexto de estabelecimento de fronteiras na região platina. A documentação de cunho administrativo analisada é proveniente do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, da Biblioteca Nacional de Lisboa e da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Houve estratégias e tomadas de posição políticas distintas para promover a integração social, algumas delas incluindo violência, tanto por parte dos indígenas aldeados em São Nicolau do Rio Pardoe Nossa Senhora dos Anjos, quanto por parte de autoridades coloniais e particulares. As possibilidades de escolha não foram equânimes, mas algumas delas, feitas em situações limite, foram importantes nos processos de apropriação cultural e, por conseguinte, nos processos de formação social e reelaboração de identidades no Continente.