Introdução: A disfunção autonómica é uma condição frequente pós lesão encefálica (LE) e indica a capacidade de assegurar a autorregulação cerebral, que, quando presente, assegura o fluxo sanguíneo cerebral adequado às necessidades da pessoa. O treino de reabilitação em plano inclinado relaciona-se com a recuperação sensorial, autonómica e de equilíbrio. Pretende-se avaliar a adaptação cerebrovascular na pessoa em situação crítica (PSC) pós LE submetida ao treino de ortostatismo através de plano inclinado.
Metodologia: Estudo multicaso retrospetivo, realizado numa Unidade de Neurocríticos. Amostra constituída por (n=7). Aplicou-se um programa de reabilitação utilizando o plano inclinado, com elevação da cabeceira até 60° em dois momentos. As variáveis recolhidas foram: Escala de Coma de Glasgow, pressão arterial, frequência cardíaca (FC) e oximetria cerebral (CO). Através de análise retrospetiva estudaram-se: variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e sensibilidade do barorreflexo (SB).
Resultados: Mediana ECG 11, SAPS II 31±23 e estadia média de 67±26 dias. Em posição supina, a VFC e a SB foram diminuídas. Identificaram-se diferenças estatisticamente significativas na FC durante a elevação da cabeceira até 60° na primeira sessão (p=0,03). Não foi identificada nenhuma diferença estatística nas variáveis calculadas (p>0,05).
Discussão: Comparativamente com o primeiro treino, verificou-se melhoria na regulação do equilíbrio simpático-vagal observado no segundo treino, através dos valores de CO mais elevados.
Conclusão: O treino de ortostatismo com recurso a plano inclinado demonstrou ser uma opção segura na reabilitação da PSC pós LE, pois verificou-se melhoria na adaptação cerebrovascular do primeiro para o segundo treino.