A função sintática e o licenciamento de artigos definidos diante de antropônimos e de possessivos pré-nominais

Abstract

Neste artigo discutimos os resultados da análise de dados de fala provenientes do município de Carnaíba, localizado na região do sertão de Pernambuco, focalizando a variação entre a realização ou não do artigo definido diante dos contextos: pronome possessivo em posição pré-nominal e antropônimos. Os pressupostos teórico-metodológicos que nortearam a análise advêm do quadro da sociolinguística variacionista e a discussão está centrada nos resultados em que foi controlada a variável função sintática do sintagma nominal, tendo em vista que essa variável permitiu observar uma diferença na frequência de licenciamento de arti-gos nos dois diferentes contextos aqui analisados. Os dados coletados apontam ainda para uma tendência à não realização do artigo, nos contextos anali-sados, o que se diferencia do uso encontrado em outras comunidades, mais especificamente, aquelas localizadas mais ao Sudeste e ao Sul do país.

Can Mobility Affect Grammar at the Morphosyntactic Level? A Study in Brazilian Portuguese

“…The rate of D-presence in the community is 44 % (n = 2,326), as in (3). In the sample Deslocamentos 2020, there is a predominance of D-absence in possessed NP, which reaffirms the behavior of the phenomenon in dialectal regions of Northeast Brazil (PEREIRA, 2017;GUEDES, 2019;SEDRINS et al, 2019;SIQUEIRA, 2020a).…”

“…Several sociolinguistic researches have shown dialectal differences in D-presence before possessed NP. As Lucchesi (1993, p. 91) , 1982, 1998a, 1998bCAMPOS JR., 2011;PEREIRA, 2017;GUEDES, 2019;SEDRINS et al, 2019;SIQUEIRA, 2020a), displayed in Figure 1. Although the mentioned surveys are methodologically different, with different samples, the rates of D-presence are higher in the studies from the Southern and Southeastern region, while those from the Northeastern region are lower.…”

“…Data referring to Paraíba are fromGuedes (2019); Pernambuco, from Pereira (2017),Sedrins et al (2019), andCallou and Silva (1997); Bahia and Rio Grande do Sul, fromCallou and Silva (1997); Sergipe, from Siqueira (2020a); Espírito Santo, from Campos Jr (2011)Callou andSilva (1997), andGuedes (2019), respectively; for Rio de Janeiro, the percentages are, respectively, fromSilva (1982),Silva (1998a; 1998b), andCallou andSilva (1997).…”

Análise contrastiva da estrutura do sintagma nominal possessivizado no português brasileiro

“…SIQUEIRA, 2020): os dados do NURC apresentam tendência ao uso do artigo definido na posição, enquanto nos dados de Sergipe e em outras regiões do Nordeste a tendência é para o não preenchimento (cf. SILVA, 1982;1998a;1998b;CALLOU e SILVA, 1997;GUEDES, 2019;SEDRINS et al, 2019).…”

O tipo de sintagma na presença de artigo definido antes de possessivos

“…SILVA, 1982;1998a;1998b;CAMPOS JR., 2011;SEDRINS et al, 2019, dentre outros) que apontam para o efeito de condicionamentos linguísticos e extralinguísticos. Do ponto de vista linguístico, defende-se que o tipo de sintagma no qual o artigo definido se insere é uma variável com forte efeito sobre a variação (CALLOU; SILVA, 1997;CAMPOS JR.;GUEDES, 2019;SEDRINS et al, 2019): em sintagmas nominais (doravante SN), há maior tendência para a ausência de artigos na posição determinante antes de possessivos pré-nominais, como (2a); por outro lado, em sintagmas preposicionais (doravante SP), há maior tendência para a presença de artigo definido, como (2b). 3 Essa diferença demonstra que diferentes sintagmas apresentam diferentes padrões para a variação.…”