A importância da implantação dos cuidados paliativos no Sistema Único de Saúde

Abstract

A hospitalização da morte e o desenvolvimento tecnológico da medicina ao longo do século XX tornaram-na um evento asséptico e solitário que retirou do enfermo a autonomia sobre o próprio processo de morrer. No entanto, o envelhecimento populacional e o aumento das doenças crônicas não transmissíveis estão exigindo que a medicina volte sua atenção ao doente, e não apenas à doença, estimulando o repensar sobre o processo de morrer e incentivando o enfermo a se reapropriar da própria morte. A partir de pesquisa bibliográfica e normativa e de metodologia exploratória, o presente artigo pretende discutir os cuidados paliativos como um direito a ser garantido ao enfermo terminal, que, ao reconhecer a finitude da vida, busca em seus momentos finais conforto físico, mental e espiritual. A ressignificação da morte e do processo de morrer é hoje elemento necessário para garantir a autonomia do paciente sobre o próprio corpo e a qualidade de sua vida até os momentos finais, daí a importância da Resolução n. 41/2018 para o Sistema Único de Saúde brasileiro.

O papel da enfermagem frente aos cuidados paliativos na unidade de terapia intensiva

“…5 Corrobora-se enfatizando que cuidados paliativos têm como foco principal o cuidar, portanto têm alguns princípios importantes como: escutar o paciente, fazer um diagnóstico antes de tratar, conhecer muito bem as drogas a serem utilizadas, empregar drogas que tenham mais de um objetivo de alívio, propor tratamentos o mais simples possível, não tratar tudo que é acometido de dor com medicamentos e analgésicos. 12 Evidencia-se que cuidados paliativos são cuidados intensivos e têm como objetivos aprender a reconhecer, desfrutar pequenas realizações e ter consciência de que sempre há alguma coisa que pode ser feita aqui não de haver ponto final. 9 Acrescentam-se outros princípios importantes nos cuidados paliativos como: compaixão, humildade e honestidade.…”

Historical process and public policies related to palliative care in Brazil

“…Palliative Care incorporates the concept of adopting conventional life-sustaining measures (proportional means of health care) and, at the same time, makes it possible to prioritize what is ethically and medically justifiable, to the detriment of what is merely medically possible. This approach does not imply abandoning the patient, but rather aims to provide comfort from the moment of diagnosis of a life-threatening condition to the terminal outcome, with the patient and the quality of their end of life being the sole and exclusive priority (Schaefer, 2020). Historically, health systems have organized themselves to meet the curative dimension of medicine, or only during the illness process as a unique curative vision and goals.…”

“…However, with demographic and epidemiological changes, the palliative dimension comes in by allocating care throughout the course of the disease, whether in its chronic or acute process, with a focus on symptom control and prioritizing the autonomy of patients and their families (article 2, sole paragraph, MS Resolution No. 41/2018), which also includes their social protection (Schaefer, 2020).…”

“…The attitudes and competencies needed to promote high-quality PC [palliative care] overlap with those needed for excellent PHC [primary health care]: communication skills; understanding of the reality and peculiarities of the patient's way of life; commitment to comprehensive and integrated patient and family care; attention to psychosocial and spiritual issues; emphasis on the patient's quality of life and independence; respect for the patient's values, goals and priorities in the management of their health condition; provision of care in the community, due to cultural diversity; Collaboration with other professionals, including experts (Castilho;Pinto, 2021) Even before MS Resolution No. 41/2018, the humanization of health was already a transversal policy of all integrating instances of the SUS, which value aspects of the subjective, collective, and social dimension of care and management of the public system (Schaefer, 2020).…”

O enfermeiro e o cuidado paliativo domiciliar: uma revisão de literatura

“…2 O Sistema Único de Saúde (SUS) instituiu a prática em serviços de Oncologia em 2002 e, a partir disso, outro passo importante foi em 2004 com o surgimento da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), que criou a Comissão Permanente de CP. 3 Em 2009 foi lançado o Manual de Cuidados Paliativos e, em 2012 reeditado, sendo destinado aos profissionais de saúde, contendo conhecimentos práticos de fácil aplicação no cotidiano, totalmente constituída na realidade brasileira, que alia rigor científico a uma resposta mais digna diante do sofrimento. 4 Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), CP é uma abordagem multiprofissional que valoriza a qualidade de vida dos doentes e seus familiares no enfrentamento dos problemas advindos de doenças ameaçadoras à vida, por meio da prevenção e alívio da dor e sofrimento, identificação precoce, avaliação correta e demais problemas de ordem física, psicossocial e espiritual.…”