“…Na forma de nichos de tecnologia, em muitas vezes, os recursos são providos, estrategicamente, por subsídios públicos ou investimentos privados envolvendo projetos de P&D, ou até mesmo projetos experimentais com atores heterogêneos, por exemplo, usuários, produtores e autoridades públicas. Esses ambientes são importantes por fornecerem espaço para processos de aprendizagem em várias dimensões, como as preferências do usuário, regulamento, instalações e infraestrutura(LARA, 2016;GEELS, 2005).Considerando o contexto de adoção do controle biológico, essas percepções estão relacionadas também ao avanço do conhecimento em toxicologia humana e ambiental e à democratização do processo decisório em que se insere a construção, geração e difusão de novas tecnologias (RODRIGUEZ, 2018; PELAEZ; SILVA; ARAÚJO, 2012).Relacionado a isto, também a intensificação produtiva no Brasil, que conforme Embrapa (2018, grifo nosso) é pressionada por forças estruturantes, como o crescimento populacional; aumento da renda e do consumo; redução da possibilidade de expansão da fronteira agrícola e valorização da terra; redução da disponibilidade e aumento do custo da mão de obra rural; necessidade de preservação dos recursos solo e água; políticas agrícolas e legislações ambientais e florestais. Além de conhecimentos e tecnologias no contexto social, econômico e ecológico local no intuito de aumento da rentabilidade e na redução de impactos ambientais incorporados nos processos de intensificação produtiva.Dentre estes estudos relacionados à transição sociotécnica e contínua de um regime para outro, está a perspectiva multi-nível ou Multi-Level Perspective (MLP) que se distingue entre três níveis conceituais: nicho, regime sociotécnico e paisagem sociotécnica.SegundoGeels (2005) a reflexão básica desta perspectiva decorre da sociologia da tecnologia, em que há três interdimensões relacionadas: (i) sistemas sociotécnicos, elementos tangíveis e necessários para cumprir funções sociais; (ii) grupos sociais que mantêm e reproduzem os elementos e ligações dos sistemas sociotécnicos e (iii) regras (entendidas como regimes) que orientam as atividades dos atores e grupos sociais; sendo inexistente a autonomia dos elementos e ligações presentes nestes sistemas sociotécnicos, em que são, na verdade, criados, (re) produzidos e refinados por grupos sociais.…”