A Influência dos Aspectos Cognitivos e Afetivos de Mulheres Empreendedoras nas Diferentes Fases de Desenvolvimento de um Negócio

Abstract

RESUMOEsta pesquisa propõe-se a explicar como os aspectos cognitivos e afetivos influenciam as ações de mulheres empreendedoras nas diferentes fases de desenvolvimento de um negócio. Norteia-se por um modelo que sugere que os aspectos afetivos são mais influentes nas ações dos empreendedores nas fases iniciais de um empreendimento e na medida em que este se desenvolve, os fatores cognitivos tornam-se mais presentes. Visando demarcar melhor tais períodos de evolução, foi integrada uma abordagem que aponta cinco fases de desenvolvimento de um negócio. Em termos metodológicos, trata-se de uma pesquisa exploratória de natureza qualitativa. Dez participantes foram selecionadas de forma intencional entre as empreendedoras de uma cidade localizada na região Seridó do Rio Grande do Norte, para a realização de entrevistas. A técnica utilizada para a análise de dados qualitativos foi a análise de conteúdo temático. Dentre os resultados, a pesquisa identificou que na fase de nascimento do negócio, as empreendedoras investigadas agem influenciadas por aspectos afetivos e nas fases seguintes, quando há a percepção da necessidade de uma melhor organização, os aspectos cognitivos são mais influentes. O medo emergiu como um aspecto afetivo que permeia a ação das empreendedoras na fase de renovação e a capacidade de negociação, como um aspecto cognitivo evidenciado pelas empreendedoras da fase de declínio, sugerindo-se a incorporação desses dois aspectos em estudos futuros que tratem dessa relação em empreendedores.Palavras-chave: Empreendedorismo feminino; Aspectos cognitivos; Aspectos afetivos; Fases de um negócio.

Empreendedorismo e afeto: desafios e perspectivas de pesquisa

“…Na concepção econômica do empreendedorismo, as discussões ocorrem em torno de uma orientação mais tradicional, direcionada ao lucro por meio da criação e desenvolvimento de negócios, novos produtos e serviços. O empreendedorismo está associado ao processo de criação de novos empreendimentos (Ahsan et al, 2018;Baron, 2008;Cardon et al, 2017;Cockayne, 2016;Davis et al, 2017;Nouri, 2021;Sweida & Sherman, 2020), dentro de um ciclo que vai desde a concepção ao desenvolvimento dos negócios (Barzotto, 2019;Cortez, 2016;Cortez et al, 2016;Mielniczuk & Laguna, 2020;Nassif et al, 2010;Vidigal & Nassif, 2013), incluindo a identificação de novas soluções que poderão ser convertidas em novos produtos ou serviços, por meio da criatividade do empreendedor (Perry--Smith & Coff, 2011). O processo de falência dos negócios e a decisão do empreendedor em encerrar seu empreendimento (He et al, 2018;Stroe et al, 2020) também foram discutidos.…”

“…O empreendedorismo corporativo é definido como um processo social, imerso em um conjunto de interações que ocorre na organização (Biniari, 2012;Breugst & Shepherd, 2017), permitindo que gestores influenciem seus funcionários para agir de forma empreendedora (Brundin et al, 2008) e se comprometerem a organização (Breugst et al, 2012). Nesta concepção, o empreendedorismo envolve questões sobre gênero, em que o empreendedorismo feminino e as singularidades das mulheres empreendedoras estão presentes nas pesquisas, contribuindo para pensar questões de desenvolvimento de políticas e apoio às empreendedoras (Cortez, 2016;Cortez et al, 2016;Katre, 2018). Na concepção sociológica, somente uma pesquisa contemplou à resolução de problemas sociais por meio do empreendedorismo (Dashtipour & Rumens, 2018).…”

“…O afeto influencia também a cognição, a percepção, a motivação, a identidade e a autorregulação dos empreendedores nas tarefas relacionadas ao desenvolvimento e crescimento de novos empreendimentos (Baron et al, 2012;Jia & Zhang, 2018;Katila et al, 2019;Lascaux & Kolesnikova, 2021). Na fase de nascimento dos negócios, alguns aspectos afetivos, tais como independência, paixão pelo negócio e vontade de fazer o que gosta, podem ser observados (Cortez, 2016;Stroe et al, 2020). O afeto e os traços afetivos podem impactar positivamente na atitude em relação ao empreendedorismo (Katre, 2018;Pérez-Fernández et al, 2020a, 2020bSweida & Sherman, 2020), explicando porque algumas pessoas tornam-se empreendedoras e outras não (Nikolaev et al, 2020).…”

“…A paixão, juntamente com dimensões afetivas e emocionais, está na essência da experiência empreendedora e exerce influência em diferentes domínios do empreendedorismo, como a invenção, fundação e o desenvolvimento de negócios (Cardon et al, 2013). Além da fase de criação, o afeto também é relevante nas outras fases de desenvolvimento dos empreendimentos, influenciando o crescimento dos negócios (Barzotto, 2019;Nassif et al, 2010;Vidigal & Nassif, 2013), por meio de uma melhor organização, planejamento e estabelecimento de metas, além da busca e formação de parcerias (Cortez, 2016).…”

Gênero e Comportamento Empreendedor:

“…Um dos aspectos que merece destaque refere-se à relação entre empreendedorismo e gênero (LOPES; LIMA, 2019). Diversos estudos têm investigado a questão de gênero no âmbito do empreendedorismo, buscando identificar similaridades e diferenças entre empreendedores homens e empreendedoras mulheres em termos de características de perfil e comportamento (MARLOW, 2014;CORTEZ;ARAÚJO;PEREIRA, 2017;GIMENEZ;RAMOS, 2017). Nesse sentido, tem-se o seguinte problema de pesquisa: Como se caracteriza o perfil e o comportamento de empreendedores em termos de gênero, na cidade de Ituiutaba-MG?…”