Resumo Este estudo buscou compreender as práticas discursivas de psicólogas(os) sobre a atuação psicológica na abordagem às IST/HIV-Aids em serviços especializados em uma cidade da Bahia. Para tanto, foram realizadas nove entrevistas semiestruturadas com profissionais ligadas(os) a serviços da rede pública de saúde. A perspectiva teórico-metodológica da psicologia social construcionista inspirou o processo de produção e análise das informações. Os resultados apontaram para importantes rupturas e ressignificações dos repertórios linguísticos gestados no cotidiano das práticas em saúde (tempo vivido e tempo curto), em atenção às necessidades dos contextos de atuação, ainda que elementos da formação clássica da psicologia também sejam utilizados para caracterizar a atuação nesses espaços. Nos serviços pesquisados, as(os) psicólogas(os) têm conseguido enxergar e reconhecer demandas de ordens biológica e social, que indicam aspectos objetivos da vivência dos(as) usuários(as) (menos afeitos ao ideário individualista), apontando para uma contextualização da clínica psicológica no campo da saúde pública, embora nem todas(os) admitam que essas demandas devam ser cuidadas também pela(o) profissional de psicologia. Do ponto de vista teórico, partimos de reflexões sobre as noções de clínica ampliada e de atuação psicológica coletiva até alcançarmos a noção de clínica psicológica ampliada, situada em relação às especificidades da atuação psicológica no campo do HIV-Aids. Nessa direção, a clínica psicológica ampliada apresenta-se em potencial construção, situando-se entre aproximações e recuos do que seria uma prática desenvolvida de modo contextualizado e comprometido com os processos subjetivos de pessoas vivendo com HIV-Aids ou tentando se proteger em situações concretas de vulnerabilidade, que geram sofrimento psicossocial.