Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortosMeu sangue latino, minha alma cativa [De "Sangue Latino", canção de João Ricardo e Paulinho Mendonça, na versão com Ney Matogrosso para o álbum "Secos e Molhados", de 1973].
AGRADECIMENTOSDaqui de onde escrevo, ouço os clarins. As linhas do texto se movimentam, talvez mesmo dancem, à ansiedade do seu próprio fim e dos lampejos do carnaval que toda esquina do Recife promete. Em alguns dias, os metais da orquestra do Eu Acho é Pouco alardearão "Três da Tarde" e eu, precisamente localizado ao lado direito da corda, pouco atrás do imenso dragão chinês vermelho e amarelo, olharei para Mariana e me sentirei agradecido. Agora, no entanto, enquanto o dragão afia seus dentes, os estandartes começam a ser erguidos e a calunga do Homem da Meia Noite se agiganta no Bonsucesso, eu ensaio os agradecimentos às pessoas que atravessaram estes últimos cinco anos e fizeram possíveis os nossos carnavais e esta tese de doutorado.De pronto, agradeço a Regina Facchini por haver me recebido entre os seus. Quando me tornei seu orientando em 2012, eu guardava inquietações incontáveis e pouquíssima experiência em pesquisa. Regina aceitou este recifense que viajava semanalmente entre as aulas na UFPB e as aulas na Unicamp, apontou-me os primeiros passos, acolheu minhas angústias e atendeu, do seu apartamento na República, a ligações exasperadas em fins de tardes de sábado de novembros. Regina nunca me faltou. Sem ela, sua generosidade e sua disposição para o outro, não haveria esta tese. Foi Regina quem me ensinou o "trabalho de campo" e sua relevância para a produção do conhecimento, quem me aproximou de parte significativa da literatura que perpassa estas páginas e, inclusive, das pessoas a que, aqui, eu agradeço.Obrigado, "Senhora Minha Orientadora", muito obrigado.Ao lado de Regina, agradeço a Isadora Lins França, a moça que eu conheci à porta da sala do Instituto Papai onde, anos antes, eu havia sido estagiário, e que desceu comigo a ladeira da Prefeitura de Olinda, com os pés distantes do chão, seguindo corajosamente aquele dragão.Isadora funcionou como uma "coorientadora" desta pesquisa, discutiu comigo seus resultados parciais, preocupou-se detidamente com meus dilemas teóricos, tensionou minhas certezas "estruturalistas", tornou-se minha amiga e, talvez o mais importante de tudo, apresentou-me Natália Lago, a quem, entre shows de Otto e Elza Soares, canções de Karina Buhr à beira de canaviais e discussões sobre crime e gênero, eu também agradeço profundamente. Natália, aquela leveza das folhas da árvore que ela traz, pétala, às costas. Na Unicamp, Regina e Isadora estenderam a mim um ambiente intelectual inigualável através, especialmente, do seu grupo de orientandos e colaboradores. A introdução e os capítulos desta tese passaram por diversas reuniões do grupo e pelas avaliações de seus integrantes. Nesses momentos e debates, aprendi enormemente. Agradeço, então, a Bruno