O manejo de resíduos sólidos urbanos (MRSU) globalmente enfrenta desafios significativos devido ao volume, crescimento contínuo e diversidade dos resíduos, com impactos sociais, econômicos e ambientais. No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e a Política Nacional de Saneamento Básico (PNSB) estabelecem diretrizes para a gestão de resíduos, mas a situação é especialmente crítica nas regiões Norte e Nordeste, onde as dificuldades históricas e limitações de infraestrutura são evidentes. Assim, este estudo objetiva analisar a sustentabilidade financeira dos serviços de saneamento em dois municípios brasileiros, Boa Vista (Roraima) e Fortaleza (Ceará), comparando os indicadores financeiros de MRSU para identificar práticas eficazes e áreas de melhoria na gestão financeira. A pesquisa adotou uma abordagem quanti-qualitativa, incluindo revisão bibliográfica sobre legislações e produção científica, e análise comparativa dos dados históricos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2010 a 2022. Os indicadores de sustentabilidade financeira foram analisados para avaliar a evolução dos gastos e receitas nos municípios selecionados. Como resultados, Boa Vista apresentou maior proporção de despesas com MRSU e um crescimento na arrecadação, atingindo 50% de autossuficiência financeira em 2022. Em contraste, Fortaleza iniciou a cobrança pelo MRSU apenas em 2023, mostrando desafios na implementação. A nível nacional, apenas 8% dos municípios são financeiramente autossuficientes, refletindo dificuldades para cumprir as metas estabelecidas pela PNRS e Planares. O estudo destaca a necessidade de reformas gerenciais e recomenda a ampliação da pesquisa para incluir outros municípios e regiões.