A virada sociopolítica da Educação Matemática tem possibilitado reconhecer a não neutralidade da Matemática, principalmente no que tange às questões de gênero e sexualidade. Todavia, esse movimento ainda não é muito refletido em formações iniciais ou continuadas de docentes que ensinam Matemática, assim como em práticas pedagógicas que já tenham sido publicizadas. Em função desse cenário, o objetivo desse texto é analisar as discussões de um fórum do curso de extensão “Estudos de Gênero: o que a Matemática tem a ver com isso?” voltado para (futures) docentes que ensinam (ensinarão) Matemática, sobre os possíveis estereótipos que a Matemática pode (re)produzir no que diz respeito às pessoas que dissidem das normas de gênero e sexuais. Neste estudo visamos o estranhamento da pseudoneutralidade que foi discursivamente construída como inerente à disciplina ao longo dos anos. Para isso, organizamos a análise em torno de três eixos temáticos: a (i) visão da Matemática como campo restrito ou neutro, as (ii) dinâmicas de gênero na Matemática e as (iii) práticas e materiais pedagógicos como (não) potencializadores de processos de normalização. Concluímos, a partir da análise, que a Matemática ainda é atravessada por intencionalidades de uma pequena parcela da sociedade que visa a manutenção do status quo, e apontamos a necessidade de tensionarmos e rompermos com a (re)produção de processos discriminatórios que ocorrem na/pela Matemática.