RESUMO Visamos, neste trabalho, examinar a contribuição do semioticista brasileiro Ignacio Assis Silva (1937-2000) sobre o conceito de figuratividade, responsável pela construção do sentido através da articulação de simulacros do mundo natural com as dimensões tímica e sensível, acompanhando as transformações sofridas pelo conceito no interior da teoria. Objeto de estudo dos participantes dos Seminários de Semântica Geral nos anos 1970, o conceito atinge o auge investigativo na década seguinte, continuando a intrigar os semioticistas nos anos 1990, a exemplo de Silva, cuja pesquisa culmina na tese de livre-docência (1992) convertida na obra Figurativização e metamorfose: o mito de Narciso (1995). Com um córpus constituído de publicações de Silva, coletamos, inventariamos, interpretamos e analisamos os dados obtidos nesta investigação auxiliados por elementos da metodologia da Historiografia Linguística desenvolvida por Konrad Koerner (1996) e Pierre Swiggers (2009), que busca descrever e explicar a produção e o desenvolvimento do conhecimento linguístico dentro de um contexto sócio-histórico de determinada cultura. Concorrendo para a compreensão e a explicitação das contribuições brasileiras à Semiótica Discursiva, a metodologia da HL possibilitou-nos abordar os diferentes modos de Silva pensar a figuratividade, estabelecendo em que medida tais fatos teóricos colaboraram com o avanço dos estudos semióticos.