A modalidade volitiva no discurso de posse de Jair Bolsonaro

Abstract

O presente trabalho se pro-põe a descrever e analisar a modalidade volitiva, que se refere, segundo a Gramática Discursivo-Funcional (GDF) de Hengeveld e Mackenzie (2008), ao que é (in)desejável, tendo por base dois parâmetros: o domínio semântico e a orientação modal. Para isso, foi escolhido o discurso de posse de Jair Bolsonaro, que foi proferido no dia 1º de janeiro de 2019 e disponibilizado on-line. A partir da descrição e da análise qualitativa empreendida, verificamos que a modalidade volitiva se manifesta, no discurso de posse, com orientação para o participante, haja vista que o falante (presidente empossado) tende a expressar suas pretensões em termos de ações políticas em seu mandato que se inicia, envolvendo-se com a performatização do evento sobre o qual incide a volição. Além disso, a modalidade volitiva tende a estar rela-cionada com a não controlabilidade [- controle] do estado-de-coisas, tendo um sujeito animado [+ humano] como fonte da atitude modal, podendo este ser espe-cificado ou não no discurso [± determinado]. Em relação ao tempo e ao modo, o presidente eleito prefere empregar o presente do modo indicativo, situando, desse modo, a volição no momento da enunciação, ainda que o evento esteja localizado em um momento posterior (futuridade).

Technopopulism and Politainment in Brazil: Bolsonaro Government’s Weekly YouTube Broadcasts

“…For the analysis of Bolsonaro's weekly live videos, an analysis sheet was used, divided into categories, in order to trace qualitative and quantitative characteristics regarding each video made available on Bolsonaro's personal account. The variables included in the analysis were based on the literature review, adapting categories described in previous research (Cordeiro Da Silva, 2020;De Oliveira & De Vargas, 2021;Santos de Moraes & Silva, 2021), according to the analysis of a previous sample of 25 videos. Thus, the aim was to describe certain informative characteristics present in Bolsonaro's lives, through a description and quantification of its thematic components, typology of messages transmitted, the presence of a certain type of guests, the scenarios chosen, and the type of production that occurred.…”

A modalidade volitiva no discurso de autoajuda religioso do padre Reginaldo Manzotti

“…Em Oliveira (2019), constatamos que os tipos de enunciados modalizados volitivamente podem ser de duas diferentes naturezas: (i) reportativa, quando o falante declara o que parece desejável a um sujeito que é reportado em seu discurso, não se comprometendo, dessa forma, com o evento volicionado, pois o que é desejado como sendo bom e agradável é oriundo de um outro sujeito que não a sua pessoa, como exemplo: Daqui em diante, nos pautaremos pela vontade soberana daqueles brasileiros [...] Tomando por base a orientação modal de Hengeveld (2004), propomos fazer uma readequação da natureza modal volitiva proposta por Oliveira (2019). Assim sendo, a natureza do enunciado modalizado pode ser: (i) disposicional, quando o falante expressa seu desejo de concretizar o evento desejado, em que o modalizador volitivo tem escopo de atuação sobre um predicado; (ii) reportativa, quando o falante expressa o desejo do sujeito introjetado no discurso em realizar o evento desejado, em que o modalizador volitivo também tem escopo de atuação sobre um predicado/predicação; (iii) expressiva, quando o falante manifesta o desejo de concretização de eventos, mas sem serem avaliados por ele de maneira subjetiva, em que o modalizador volitivo tem escopo de atuação sobre uma predicação; e (iv) apreciativa, quando o falante faz apreciações pessoais acerca de eventos por ele desejados relativos a um mundo imaginário/fictício, em que o modalizador volitivo tem escopo de atuação sobre uma proposição.…”

“…Para esta pesquisa, a escolha da literatura religiosa de autoajuda deve-se, conforme Oliveira (2017), Oliveira e Prata (2018a, 2018b e Oliveira (2019), a possibilidade de instauração de conteúdos modais volitivos referentes à manifestação de desejos, vontades e intenções e que pudessem ser instauradas pelo autor dos livros (Padre Manzotti) no que tangem ao que ele entende por desejável ou indesejável, como forma de recomendação, conselho e admoestação para o seu público leitor, em sua maioria, os fiéis católicos e/ou aqueles que tenham algum tipo de interesse no conteúdo que é veiculado em seus livros. Ponderamos que a categoria modalidade, que se refere aos posicionamentos do falante perante o que é dito, possa funcionar como uma estratégia argumentativa, em que o falante busca modificar as informações pragmáticas de seu(s) ouvinte(s).…”