IntroduçãoA Amazônia é a maior floresta tropical do mundo, cujo território extravasa as fronteiras políticas do Brasil, estendendo-se da Cordilheira dos Andes até o Oceano Atlântico. Apresenta rica biodiversidade e todas as relações no ecossistema procedem com total harmonia. O índice pluviométrico na região, elevado na maior parte do ano, é influenciado por fenômenos como o vapor d'água proveniente do Oceano Atlântico em direção à Cordilheira dos Andes, o processo de evapotranspiração, que é o retorno à atmosfera da umidade não aproveitada pela vegetação, além do próprio degelo decorrente do verão andino. Somados, esses fatores geram ciclos de precipitação sobre a floresta, alimentando as nascentes e os afluentes dos principais rios da bacia amazônica.O aumento do volume de água e a oscilação do regime de chuvas fazem com que os rios transbordem e inundem grandes extensões da floresta. A amplitude de variação do nível da água dos rios pode chegar a 16 metros em algumas áreas. Ecologistas da Amazônia denominam essas variações previsíveis como pulso de inundação.A água que circula nos trechos de floresta alagada transporta sedimentos e material orgânico para outros locais, contribuindo para a redistribuição de nutrientes e energia. Isto constitui um processo fundamental para a floresta, nutrindo a vegetação e disseminando sementes, o que favorece decisivamente a manutenção da cobertura vegetal.Além dos benefícios ecológicos, os alagamentos anuais têm importante papel sócio-econômico. A população ribeirinha, em sua quase totalidade, sobrevive dos processos de extrativismo e exploração da biomassa animal, sobretudo de peixes e crustáceos, que ali se reproduzem e desenvolvem. Além disso, no período de retorno da água ao nível normal, a matéria orgânica diluída na água, proveniente da parte mais elevada na mata, se deposita no solo propiciando a agricultura de subsistência.