Apresentamos aqui os resultados da pesquisa de Mestrado desenvolvida na Linha de Juventude e questões Contemporâneas — Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido — Universidade Federal de Campina Grande — do Programa de Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional — PROFSOCIO. Traçamos como questão da pesquisa: qual a abordagem que o livro didático de Sociologia dá ao recorte gênero/ raça e os seus desdobramentos no ensino de Sociologia? Filiamo-nos à Abordagem Teórica dos Estudos Póscoloniais e ao Feminismo Negro Latino-Americano. Partimos de pressuposto que nos saberes que adquirimos na escola que nos permitem a interpretação da sociedade, ou das sociedades, tendo em vista a diversidade das organizações humanas, temos as Ciências Sociais ocupando um lugar importante no currículo escolar por meio da disciplina de Sociologia. Sendo essa fundamental, ela revisita um importante método para se construir uma sociedade melhor através do amadurecimento do olhar sociológico, onde os indivíduos possam se posicionar no mundo em que vivem. Diante disso, adotamos como procedimento teórico-metodológico, a pesquisa estado da arte, fazendo um levantamento sobre a ausência das Mulheres Negras nos Livros Didáticos de Sociologia, através do site “Banco de Teses da Capes — BDTD”, para a mesma foram escolhidos os seguintes descritores: “Gênero”; “Raça”; “Mulher Negra”; “Interseccionalidade”; “Livro didático de Sociologia”; “Feminismo Negro”, “PNLD”, “Programa Nacional do Livro Didático.” O estado da arte indicou que, apesar da ampla gama de livros e apostilas produzidas por diferentes autoras/os em diversos estados dos brasileiros, há uma cerca decorrência de temas e autoras/es que limitam o potencial das discussões nas Ciências Sociais. Nos espaços de produção do conhecimento no Brasil, composto em sua maioria por Mulheres Negras, ainda predomina a lógica do conhecimento, sujeito branco em relação ao sujeito negro, hierarquizando os saberes perversamente. Conforme Sueli Carneiro, o racismo epistêmico é uma grande ferramenta operacional contribuindo fortemente para consolidação hierarquias de gênero, raça e classe, produzidas pelo próprio epistemicídio, definindo quem pode falar e quem pode produzir conhecimento. Ou seja, quem ao longo da história foi sempre autorizando com direitos e teve suas produções como relevantes e cientificas. A realização do epistemicídio é concebido através de inúmeras ações que se articulam e retroalimentam, reafirmamos diante dos dados que das seis dissertações realizadas entre o período de 2010 a 2020 abordando as temáticas de gênero e raça nos livros didáticos de Sociologia, destas, apenas 4 foram estudos realizados por auto declaradas Mulheres Negras. Os livros didáticos de Sociologia dialogam muito pouco com os temas elencados, através as epistemologias femininas negras. Com a intencionalidade de estabelecer um diálogo entre gênero/raça, movimentos sociais e o ensino de Sociologia a partir das imagens e dos discursos sobre as Mulheres Negras ficou evidente, a importância de adquirir no ambiente escolar, um material didático de apoio, e de maneira positiva rompa com o silenciamento imposto pelas opressões. Nesse sentido, intencionalmente construiu um material didático de apoio, resultando na HQ-Cara Preta: “Você conhece o Feminismo Negro brasileiro?” e buscar através da desobediência epistêmica contribuir para formular o conhecimento cientifico legitimo, buscando apontar a importância de compreendermos tais configurações sociais.