Este artigo apresenta uma contribuição aos estudos atuais da enunciação, no intuito de promover uma (re)aproximação da Literatura com a Teoria da Enunciação de Émile Benveniste. Ele atende ao convite do próprio Benveniste que, ao finalizar seu célebre artigo O aparelho formal da enunciação (1970), sugere a possibilidade de muitos desdobramentos e amplas perspectivas para a continuidade dos seus estudos. Os textos A forma e o sentido da Linguagem (1966), Esta língua que faz a história (1968) e A semiologia da língua (1969), juntamente com os textos póstumos Baudelaire (2011) e Últimas aulas no Collège de France (2012), são evocados para fornecer elementos substanciais para esta reflexão - pistas que contribuem para alargar os horizontes teóricos benvenistianos -, revelam que a literatura, em especial a poética, ocupou um espaço importante dos estudos do linguista sírio-francês, o que justifica a inclusão da Literatura em uma abordagem enunciativa.