Apresenta-se o caso de uma adolescente de 17 anos, com urticária ao frio desde os 10, com reações imediatas diárias e de gravidade variável após contato mínimo com desencadeantes frios, apesar de terapêutica com anti-histamínico H1 e H2 e antagonista dos recetores dos leucotrienos. A doença tinha grande impacto na qualidade de vida, tendo ocorrido dois eventos sistémicos ameaçadores de vida. Iniciou tratamento com omalizumab, verificando-se melhoria após a primeira administração, e após a quinta sem necessidade de outra terapêutica. Cumpriu oito doses mensais de 300 mg de omalizumab, sem efeitos adversos, ficando assintomática. A doente foi reavaliada aos quatro e 10 meses após suspensão do tratamento, apresentando apenas prurido ligeiro com a prática de exercício físico vigoroso, que melhora com uma toma de anti-histamínico H1.
Palavras-chave:Adolescente; Anticorpos Monoclonais Humanizados/uso terapêutico; Omalizumab/uso terapêutico; Temperatura Baixa; Urticária/tratamento
AbstractThe authors present the case of a 17-year-old female, with cold-induced urticaria since the age of 10, who showed immediate reactions of variable severity after minimal contact with cold triggers on a daily basis despite therapy with H1 antihistamine, H2 antihistamine and leukotriene receptor antagonists. This had a severe impact on her quality of life and she experienced two life-threatening events. She started treatment with omalizumab and improved after the first administration, requiring no further treatment after the fifth dose. The patient completed eight monthly doses of omalizumab (300 mg), without adverse effects, and remained asymptomatic. She was reassessed four and 10 months after treatment discontinuation and reported only mild itching with vigorous exercise, which improved with a single dose of H1 antihistamine.Keywords: Adolescent; Antibodies, Monoclonal, Humanised/therapeutic use; Cold Temperature; Omalizumab//therapeutic use; Urticaria/drug therapy
IntroduçãoA urticária ao frio é um subtipo comum de urticária física. É caracterizada pelo aparecimento de lesões maculopapulares e/ou angioedema minutos após o contato com o desencadeante frio.1 O seu espectro clínico é abrangente, variando de manifestações cutâneas ligeiras e localizadas a reações anafiláticas potencialmente fatais. O seu tratamento tem-se mostrado desafiante, uma vez que em muitos casos é impossível a evicção do agente desencadeante e há uma grande percentagem de casos refratários ao tratamento standard.
2As mais recentes guidelines propõem um tratamento escalonado, sendo o omalizumab uma promissora opção terapêutica nos doentes refratários.
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Caso ClínicoAdolescente do sexo feminino, sem antecedentes de relevo, foi referenciada para a consulta aos 14 anos por apresentar, desde os 10 anos, episódios de urticária e prurido intensos, localizados e, por vezes, generalizados, repetitivos e reprodutíveis após o contacto com água fria, ambiente frio e manipulação de objetos frios. Rash evanescente com resolução completa após a descontinuação do contato com o d...