O Mini-exame do Estado Mental (MEEM) é o instrumento de rastreio de demência mais utilizado mundialmente. Neste teste, a linguagem escrita é avaliada através do comando para escrever uma frase espontânea. O objetivo deste estudo foi avaliar linguisticamente os problemas apresentados nas escritas das frases do MEEM de indivíduos com e sem demência. Foi realizado um estudo de corte transversal retrospectivo através da revisão dos prontuários dos pacientes de um ambulatório de geriatria de uma universidade brasileira. As escritas das frases do MEEM coletadas nestes prontuários foram avaliadas, linguisticamente, conforme dois pontos de vista diferentes: primeiro, sob o olhar da gramática normativa, ponderando as regras prescritivas do bem falar e escrever. Os problemas linguísticos detectados foram denominados de erros e classificados nas seguintes categorias: 1) escrita pré-alfabética; 2) conversão fonema-grafema; 3) transcrição fonética; 4) junção intervocabular e segmentação; 5) regras conceituais; 6) representações múltiplas; 7) acentuação gráfica; 8) sinais de pontuação; 9) problemas sintáticos; 10) uso indevido de letras maiúsculas e minúsculas; 11) forma estranha de traçar as letras; 12) hipercorreção e 13) outros. Segundo, de acordo com o olhar da gramática gerativa, analisando o conhecimento intuitivo das regras de funcionamento da língua. Os problemas de escrita encontrados foram chamados de agramaticalidades e classificados como: 1) agramaticalidade sintática; 2) agramaticalidade semântica e 3) agramaticalidade sintático-semântica. Foi realizada a análise estatística descritiva dos dados nas 50 escritas dos pacientes: 36 escritas da frase do MEEM de pacientes sem demência e 14 de pacientes com demência. Um total de 154 erros foi observado: 86 erros em 33 escritas de pacientes sem demência e 68 erros em 13 escritas de pacientes com demência. Os erros mais comuns foram: sinais de pontuação (29,9%), letras maiúsculas e minúsculas (23,4%), acentuação gráfica (13,6%), conversão fonema-grafema (9,7%), transcrição fonética (7,1%). Não houve diferença (p=1,00) entre a frequência de erros nas escritas da frase do MEEM dos pacientes com (92,9%) e sem demência (91,7%). Na perspectiva da Gramática Gerativa, observamos um total de 5 agramaticalidades: agramaticalidade semântica (18,2%), agramaticalidade sintático-semântica (18,2%) e agramaticalidade sintática (9,1%), todas foram encontradas nas escritas dos pacientes com demência (45,5%). Logo, a prevalência de erros nas frases do MEEM de pacientes com e sem demência não diferiu, a presença de agramaticalidades apenas nas escritas dos pacientes com demência pode indicar a perda da competência linguística decorrente do comprometimento cognitivo relacionado à demência.
Como citar:
AMORIM, Welma Wildes Cunha Coelho. O que os problemas de escrita da frase do mini-mental podemnos dizer? Uma análise linguística dos problemas de escrita das frases do mini-mental de idosos com e sem demência. Orientadora: Nirvana Ferraz Santos Sampaio. Coorientadora: Cristiane Namiuti Temponi. 2014. 141f. Dissertação (mestrado em Linguística) – Programa de Pós-Graduação em Linguística, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, 2014. Disponível em: xxxxxxxxxxxxxxxx. Acesso em: xxxxxxxx