RESUMO Introdução: A pandemia do novo coronavírus trouxe um agravamento de transtornos psíquicos, especialmente em populações específicas, como profissionais de saúde. Nesse contexto, vem à tona a residência médica (RM), período de treinamento intenso e com importantes modificações na rotina durante a pandemia. Objetivo: Este estudo teve como objetivo avaliar os sintomas de depressão, estresse e ansiedade, por meio da Depression, Anxiety and Stress Scale - Short Form (DASS-21), nos médicos residentes de um hospital universitário no Nordeste do Brasil, buscando possíveis associações com parâmetros sociais, de carga horária de trabalho e de hábitos de vida. Método: Trata-se de um estudo observacional, transversal e analítico, realizado no período de outubro de 2021 a fevereiro de 2022, envolvendo médicos residentes ativos, pertencentes aos programas de RM entre março de 2021 e fevereiro de 2022. Resultado: Avaliaram-se 41 residentes, 68,3% do sexo feminino, com média de idade de 30,5 ± 3,7 anos. Algum sintoma de depressão, estresse e ansiedade estava presente em 68,3%, 41,5% e 85,4% da amostra, respectivamente. Nove usaram psicotrópicos no último ano, 13 realizaram psicoterapia e cinco passaram por acompanhamento psiquiátrico. Houve associação estatisticamente significativa entre o uso de psicotrópicos nos últimos 12 meses e maior pontuação na subescala de estresse da DASS-21 (18,00 ± 12,61 versus 9,81 ± 9,34; p = 0,038). Houve associação entre uma menor média de tempo de sono por dia e a presença de algum sintoma de depressão apontada pela DASS-21 (6,03 ± 0,79 versus 6,77 ± 1,01; p = 0,016). Conclusão: Observou-se frequência elevada de sintomas de ansiedade, estresse e depressão nos médicos residentes, havendo baixos índices de acompanhamento psiquiátrico e de intervenção psicoterapêutica ou farmacológica.