RESUMO: Objetivo: Discutir as indicações e resultados da meso-hepatectomia (hepatectomia central), um procedimento raro, trabalhoso e desafiador. Método: Estudo de três pacientes portadores de hepatopatia e diagnóstico de tumor de localização central no parênquima hepático, submetidos à meso-hepatectomia. Para realização do procedimento, empregou-se a abordagem glissoniana aos pedículos dos segmentos a serem ressecados, sem clampeamento do hilo hepático. Resultados: Apenas um paciente necessitou de transfusão de glóbulos durante a operação. O tempo médio da operação foi de quatro horas. Não se observaram complicações pós-operatórias e o tempo médio de internação foi de seis dias. Conclusões: A meso-hepatectomia é um procedimento que apesar de trabalhoso pode ser padronizado e realizado com segurança em pacientes com tumores centrais e hepatopatia associada. A preservação do parênquima, tem papel importante na boa evolução dos pacientes e, o acesso glissoniano, é um procedimento útil, tanto do ponto de vista técnico como para evitar a isquemia do parênquima remanescente (Rev. Col. Bras. Cir. 2005; 32(2): 90-93
INTRODUÇÃODefine-se como hepatectomia central ou mesohepatectomia a ressecção dos segmentos centrais do fígado, IV, V e VIII preservando-se os segmentos laterais esquerdo e direito do fígado 1 . Este tipo de ressecção é muito raramente empregado, tecnicamente muito difícil, no entanto, tem suas indicações 2-4 . O tratamento de tumores localizados centralmente no fígado geralmente é realizado através da ressecção anatômica regrada, como as hepatectomias esquerda ou direita ampliadas, entretanto, em situações em que é necessária a preservação do parênquima (hepatopatias por exemplo), as ressecções ampliadas podem ocasionar insuficiência hepáti-ca pós-operatória. Nos pacientes com doenças que acometem o parênquima hepático e que diminuem a capacidade funcional do fígado, como hepatopatias crônicas (cirrose) ou esteatose hepática acentuada, a ressecção deve preservar o máximo de parênquima hepático.Os autores relatam a experiência com três pacientes submetidos a meso-hepatectomia e discutem aspectos técni-cos, indicações e resultados deste procedimento trabalhoso e desafiador.
MÉTODOOs três pacientes estudados e que serviram de base para este estudo foram: CASO 1. Paciente do sexo masculino, 55 anos, com diagnóstico de dois nódulos hepáticos sendo o primeiro de 2 cm localizado no segmento V e outro de 6 cm entre os segmentos IV e VIII. Tratava-se de paciente obeso, hiperlipêmico e que fazia uso de sinvastatina. Além disto, ingeria diariamente, há 12 anos, uma dose de destilados. A avaliação laboratorial demonstrou AST e gama-glutamil transpeptidase elevadas (duas vezes o valor normal). O restante das provas de função hepática encontrava-se normal. A biópsia percutânea, realizada em outro Serviço, demonstrou tratar-se de colangiocarcinoma.CASO 2. Paciente do sexo masculino, 57 anos, portador de hepatite crônica pelo vírus B que, após tratamento com lamivudine, apresentava viremia indetectável. As provas de funç...