MIRANDA, J. E. da S.; ORNELAS, F. Ruídos articulares e sinais de disfunção temporomandibular: um estudo comparativo por meio de palpação manual e vibratografia computadorizada da ATM. Pesqui Odontol Bras, v. 14, n. 4, p. 367-371, out./dez. 2000.Esta pesquisa teve como finalidade estimar a validade interexaminadores, em detectar sons articulares e comparar os resultados com um sistema computadorizado (SONOPAK). Para isto, uma amostra de 45 indivíduos foi selecionada aleatoriamente e dividida em dois grupos. O grupo experimental foi formado por 24 pacientes, que apresentavam problemas articulares, e o grupo controle por 19 pacientes com ausência de qualquer relato ou queixa, compatível com DTM. Sessenta e sete por cento dos pacientes eram mulheres, com médias de idade de 36 anos. Os resultados da eletrovibratografia (EVG) foram comparados com os obtidos pela palpação manual. Todos os examinadores desconheciam o grupo ao qual pertencia o paciente examinado. Para análise dos resultados de concordância, foi utilizado o teste de Cohen's kappa e o percentual de concordância. Os resultados mostraram uma prevalência de 62,5% e 42,1% dos sons articulares, apresentados pelo grupo experimental e grupo controle, respectivamente. Pela análise dos resultados, concluiu-se que os sons articulares são comumente apresentados em ambos os grupos, porém sua identificação e classificação são difíceis, mesmo quando obtidos por aparelhos computadorizados. Embora a amostra deste estudo seja pequena, os resultados indicam que a EVG deve ser utilizada com cautela, e a calibração dos examinadores pode melhorar a identificação dos sons articulares. UNITERMO: Articulação temporomandibular.
INTRODUÇÃOAs disfunções temporomandibulares (DTM) caracterizam-se por uma série de sinais e sintomas, que incluem dores faciais, limitação de movimentação mandibular e ruídos articulares 5,10 . Considerado por muito tempo como um sinal cardinal e característico das DTM, sabe-se que ruí-dos articulares da ATM são freqüentes, mesmo numa população assintomática 6,20 . Dessa forma, análises realizadas por meio de ressonância magnética demonstraram que cerca de 30% de uma população livre de sintomas apresentam algum tipo de ruído articular 12 .Entre as causas e alterações estruturais que podem causar algum tipo de som articular, as mais freqüentes são os deslocamentos de disco articular para anterior, alterações estruturais de superfície articular e hipermobilidade do complexo côndilo-disco, além dos processos degenerativos, que provocaram as crepitações 7,9,15,16,19,22,24 . O relacionamento entre os deslocamentos de disco articular e a sintomatologia dolorosa da ATM ainda não está bem elucidado. Apesar de bastante freqüentes em uma população de pacientes com disfunção, não podem ser considerados como uma condição necessária para iniciar processos inflamatórios intra-articulares e conseqüente dor.
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