O desenvolvimento de competências e habilidades necessárias para o processo de pesquisa científica na graduação em medicina deve ser parte integrante do currículo de uma escola médica preocupada com a formação de profissionais relevantes para a sociedade. Integrar pesquisa científica com a formação em saúde é um desafio que exige mudança na cultura institucional. É necessário haver espaços específicos na matriz curricular para o desenvolvimento de atividades de produção e divulgação científica, para que a comunidade acadêmica seja motivada a participar desse processo. Descrever a reestruturação das disciplinas de Habilidade de Pesquisa Científica em um curso de medicina de uma instituição de ensino superior privada; relatar a experiência de desenvolvimento de competências e habilidades pelos estudantes na vivência dessa reestruturação na matriz curricular. Estudo descritivo, qualitativo, do tipo relato de experiência do planejamento e do desenvolvimento das disciplinas de Habilidades de Pesquisa Científica, ao longo de quatro semestres, em um curso de medicina de uma instituição de ensino superior do interior paulista. Trata-se da descrição da reestruturação das disciplinas de Habilidades de Pesquisa Científica em um curso de medicina, visando aprimorar a formação dos alunos. A iniciativa surgiu em 2018, após a análise dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) desenvolvidos pelos graduandos em medicinas, o que levou à extinção do TCC da matriz curricular, com redirecionando de esforços e recursos para iniciações científicas. Em 2019, foi lançado o Programa de Iniciação Científica, incentivando bolsas de iniciação científica. A reestruturação efetiva da disciplina, iniciada em 2022, promoveu nítidos avanços quantitativos e qualitativos, desenvolvendo competências e habilidades diversas, relacionadas às competências de leitura e escrita de artigos, desenvolvimento de pesquisas com impacto na comunidade e divulgação científica. As alterações resultaram em significativo aumento da participação de alunos e professores em atividades de pesquisa na FACERES e aumento na produção científica, evidenciando um novo paradigma na formação científica em medicina na instituição. A pesquisa científica, essencial para se concretizar a Medicina Baseada em Evidências, exige compreensão metodológica. As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2014 propõem integração entre ensino, pesquisa e extensão, mas a aplicabilidade é ainda um desafio. Estimular a pesquisa requer mudança de atitude, tempo e percepção. Fóruns de pesquisa e eventos científicos promovem inclusão e integração, ampliando a produção científica. Ao final desse processo de reorganização das atividades de produção científica, pode-se observar a concretização do que as DCN do curso de graduação em Medicina definem como competências da prática médica. Em uma paráfrase livre dessa resolução do Ministério da Educação, pode-se afirmar que os futuros médicos mobilizaram conhecimentos, habilidades e atitudes das mais diversas ordens, ao participarem de um processo longitudinal que propicia condições para compreenderem, na prática, o que é, como se faz e como se divulga ciência em saúde. A introdução precoce, de forma planejada e focada em resultados do processo de pesquisa acadêmica resultou em aumento significativo de produções científicas. Atualmente, mais de 35% dos alunos da instituição participam de pesquisa e iniciação científica, com perspectivas de ampliação para 50% desse total. Em adição, foi possível observar que a reestruturação da disciplina pode ao longo do tempo diminuir as dificuldades dos estudantes em relação a pesquisa científica, e originar a percepção da pesquisa como uma ferramenta útil para no seu futuro profissional, enquanto também desenvolve atitudes científicas favoráveis.