Para compreender o uso similar dessa marcação de tempo em português brasileiro (PB), observamos implicaturas de futuridade a partir de usos em que o verbo de volição querer atua como auxiliar. Avaliamos se as implicaturas associadas à expressão de intenção ou desejo levam à interpretação de futuro nas ocorrências em primeira pessoa acompanhadas de verbo de volição ([eu/nós/a gente +] querer + verbo). A partir da análise das ocorrências, sugerimos que está ocorrendo em PB o mesmo processo ocorrido em outras línguas: marcas de volição tornam-se marcas de futuridade. Tendo como corpus o CORAL -BRASIL I (RASO; MELLO, 2012), composto por amostras de fala espontânea, com diálogos, monólogos e conversações, destacamos os atos de fala compromissivos e a atitude dos participantes da comunicação em relação às proposições, ressaltando o contexto extralinguístico de cada registro. Nosso objetivo foi observar como esses usos funcionam na língua e, para isso, foram analisadas as 139 gravações do corpus, que somam 759 usos do verbo querer. Desse número, nos detivemos à análise de 55 ocorrências do auxiliar em primeira pessoa que disparam implicatura de futuridade, atuando como perífrase de futuro nesses casos. Palavras-chave: gramaticalização; implicatura; futuro.