Esta pesquisa objetivou compreender como os Sistemas de Controle Gerencial se configuram como instrumento de poder, sob a perspectiva bourdiesiana das relações de poder. Realizou-se estudo de caso interpretativista, posicionado no paradigma pós-estruturalista. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas, observações e pesquisa documental. Os procedimentos analíticos envolveram as codificações aberta, axial e seletiva e adotou-se triangulação de dados multicritério. Constatou-se a complementariedade entre os controles culturais, planejamento, controles cibernéticos, remuneração e recompensas e controles administrativos. O pacote de Sistemas de Controle Gerencial é definido principalmente em função dos controles culturais. Ademais, os controles investigados são instrumentos simbólicos de poder, que estabelecem normas para funcionamento do campo e reproduzem relações de poder; as quais resultam na definição das atuações da organização investigada perante à sociedade e aos seus próprios funcionários, e no estabelecimento de hierarquias de dominação, influência e controle sobre os agentes sociais. Em contrapartida, o poder também serve de insumo para a definição e aplicação dos Sistemas de Controle Gerencial na empresa. Diante dessas considerações, conclui-se que os Sistemas de Controle Gerencial representam e propiciam a obtenção de capital econômico, cultural, social e simbólico, e proporcionam uma estrutura geral para as ações do campo. Assim, tal estrutura culmina no desenvolvimento do habitus, e é assimilada mentalmente e fisicamente pela doxa e hexis corporal; e os controles são determinantes para a construção das práticas do campo e o exercício do poder.