“A vida na taça da morte”:

Abstract

A poesia contemporânea coexiste com os inúmeros desafios e dilemas enfrentados pelas mulheres que se encontram subordinadas às estruturas patriarcais com seus tentáculos esmagadores que se deslizam por todos os continentes do planeta Terra. Por meio da literatura feminina as mulheres se fazem autônomas, protagonistas, sujeitas falantes nos territórios hostis em que são consideradas e marginalizadas como o Outro absoluto. Este artigo tem como objetivo propor a leitura do poema “A vida na taça da morte” escrito por Usha Sherchan, poetiza nepalesa. Fundamentado na Teoria Crítica Feminista, o texto articula o poema com os dilemas enfrentados pelas mulheres nepalesas como forma de resistência e resiliência às violências geradas pela sistemática do patriarcado cultural e estrutural que alicerça a sociedade do Nepal. Mais especificamente, este trabalho enfatizará a barbárie do feticídio sofrida por inúmeras mulheres que se veem obrigadas à prática do aborto seletivo de sexo para dar preferência ao nascimento de filhos (sexo masculino). O feticídio feminino (aborto predominantemente de fetos do sexo feminino), embora seja proibido por lei, ainda é recorrente em algumas comunidades nepalesas.