Abordagens de aprendizado e sua correlação com ambiente educacional e características individuais em escola médica

Abstract

Resumo: Introdução: A qualidade de aprendizado de estudantes de escolas médicas tem sido tema recorrente da literatura mundial nas últimas décadas, mas há escassez de estudos nacionais acerca do assunto. O ambiente de ensino deve favorecer o aprendizado profundo, por estar intimamente relacionado com uma aprendizagem significativa. Metodologias ativas de aprendizagem são vinculadas a maior qualidade de aprendizado, por propiciarem ambiente favorável ao aprendizado profundo. Objetivo: Este estudo teve como objetivos avaliar a qualidade do aprendizado de estudantes de Medicina de um curso que adota metodologias ativas de aprendizagem e correlacioná-la com as percepções dos alunos acerca do ambiente educacional e com dados sociodemográficos. Método: Trata-se de estudo descritivo transversal realizado com estudantes do curso de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), do primeiro ao sexto ano. Foram utilizados os instrumentos R-SPQ-2F, DREEM e questionário sociodemográfico. Realizou-se análise descritiva, e compararam-se as frequências por meio do teste do qui-quadrado ou teste exato de Fisher. As diferenças entre médias foram avaliadas por meio de teste t de Student ou teste de Mann-Whitney, quando se compararam somente dois grupos, ou por meio de análise de variância (ANOVA) ou teste de Kruskal-Wallis, quando comparados mais de dois grupos. As associações entre as variáveis quantitativas foram verificadas por meio do coeficiente de correlação de Pearson ou de Spearman. A análise estatística foi realizada com auxílio do programa IBM SPSS Statistics versão 25.0, e adotou-se como parâmetro de significância um valor de p < 0,05. Resultado: Entrevistaram-se 226 alunos. A pontuação média para abordagem profunda foi de 33,52 e, para a abordagem superficial, 17,42. Em relação à percepção do ambiente educacional, a média foi de 129,77 pontos. As variáveis objetivas que demonstraram influência sobre o aprendizado foram: sexo, idade de início do curso, contato prévio com metodologias ativas, prática de idiomas, ter graduação ou pós-graduação prévia, receber auxílio financeiro de familiares e ano da graduação. Conclusão: As metodologias ativas de aprendizagem podem estimular a adoção de estratégias de aprendizado profundo. O estudo dos fatores que influenciam na abordagem de aprendizado é complexo e envolve questões individuais subjetivas.

Engagement de los alumnos en la escuela: Perspectivas sociales y psicológicas

“…À medida que avançou o ano de curso e a idade, diminuiu o motivo e estratégia superficiais (rs=-.429, p˂.001 e rs=-.246, p˂.001, respetivamente) e aumentou o motivo e estratégia profundos dos PE (rs=.194,p=.006 e rs=.149,p˂.036,respetivamente), que por sua vez se correlacionaram positivamente com a satisfação académica nas três dimensões em análise (rs ˃ .170 e ˂ .414, p ˂.017). A conclusões semelhantes chegaram outros autores, no que respeita à idade (Martins et al, 2016;Mendes et al, 2014;Rossi et al, 2021;Sadler-Smith, 1996), ao ano de escolaridade (Gomes, 2006;Martins et al, 2016) e à relação entre PE e satisfação académica (Almeida, 2007;Almeida et al, 2012;Martins et al, 2016).…”

“…Com efeito, os alunos de Desporto têm de se deslocar por vários edifícios algo distanciados, enquanto os de ES têm aulas concentradas num edifício. Acresce que a esmagadora maioria dos alunos de ES é do género feminino e no Desporto predominam os masculinos; porém não se constataram quaisquer diferenças significativas de género em todas as análises, por contraponto com outras evidências (Gomes, 2006;Martins et al, 2016;Rossato et al, 2020;Rossi et al, 2021;Santos & Suehiro, 2007;Schleich, 2006;Tavares et al, 2003).…”

“…al., 2014;Oliveira, 2014;Valadas et al, 2014). Resultados da investigação mostram um aumento dos motivos e estratégias profundos com o avançar no ano de escolaridade (Gomes, 2006;Martins et al, 2016), idade (Martins et al, 2016;Mendes et al, 2014;Rossi et al, 2021;Sadler-Smith, 1996), a regularidade de estudo (Mutsotso & Elizabeth, 2010), os níveis de motivação no ensino superior (Xie, 2022) e o desempenho académico (Almeida et al 2007;Lara et al, 2011;Lopez et al, 2012;Monteiro et al, 2005;Salamonson et al, 2013;Taher & Chen, 2011). Alguns estudos remetem para resultados diferenciados consoante o curso frequentado (Almeida et al, 2007;Martins et al, 2016;Monteiro et al, 2005).…”

“…Quanto ao género, Martins et al (2016) encontraram superioridade masculina, quer na abordagem profunda, quer na superficial, divergindo de Tavares et al (2003) e Gomes (2006), em que o género feminino apresentou valores superiores de abordagem profunda e o masculino sobressaiu na superficial. Este último resultado foi corroborado por Rossi et al (2021).…”