RESUMO: O tratamento cirúrgico do câncer de reto era feito por meio de operação via abdominal se o tumor estivesse no terço superior ou abdominoperineal, se o tumor estivesse no terço médio ou inferior, era associado à radioterapia e/ou a quimioterapia. A preservação do esfíncter anal, pelos princípios cirúrgicos vigentes, era limitada e destinava-se aos tumores que estavam acima do alcance do toque digital. As anastomoses baixas, ensaiadas em doenças benignas, foram introduzidas para o câncer, mas somente ganharam destaques com grampeadores mecânicos. Avanços posteriores incorporaram novas concepções sobre a anatomia cirúrgica do reto e seus aspectos oncológicos, provocando alterações operatórias cujos resultados promoveram revisão de conceitos e emancipação da terapêutica. O arsenal farmacológico foi tão ampliado e enriquecido, que o embaraço atual está em escolher e testar as drogas oncológicas disponíveis. Paralelamente aos aceleradores lineares, os avanços na área de computação e produção de imagens radiológicas possibilitaram o planejamento tridimensional do segmento anatômico a ser atingido, com ganhos valorosos para a radioterapia. O maior desafio no tratamento do câncer de reto, superado os aspectos físicos e cirúrgico-anatômicos, continua sendo o controle da recidiva local, ainda que bem inferiores aos observados no passado. Esse progresso ocorreu graças ao avanço tecnológico das imagens ultra-sonográficas e da ressonância magnética que, no campo propedêutico, vêm aprimorando o estadiamento do tumor; à maior definição do uso da terapêutica neo-adjuvante, à técnica cirúrgica de excisão total do mesorreto e ao apuro manual dos cirurgiões. Descritores: câncer de reto, recidiva local, excisão total do mesorreto (ETM), terapia neo-adjuvante. A abordagem terapêutica de uma doença, qualquer que seja ela, pode ser sintetizada num único objetivo -a cura -independentemente do tipo de esforço desprendido e da multiplicidade da equipe que desenvolve os meios para a satisfação plena do objetivo almejado. Contudo, nem todas as doenças podem ser assim enquadradas, e a meta se torna em objetivos dispersos que fundamentam os estudos para as continuadas buscas dos melhores resultados terapêuticos para aquela doença.
Trabalho realizado no Hospital Maternidade Frei Galvão deO câncer de reto está enquadrado no item em que os "objetivos são dispersos" e, nesse caso, a mola propulsora dos centros de pesquisas e da indústria que se afinam e potencializam seus recursos, na impossibilidade de curar, buscam atender, com indiscutíveis benefícios para os doentes, os seguintes objetivos: a. controle local da doença b. maior sobrevida c. preservação esfincteriana e d. melhor qualidade de vida. A base em que se fundamentam esses objetivos, quase que na totalidade das vezes, é expressa por classificações em que o parâmetro principal é a chance de sobrevida do paciente, a qual depende do tamanho do tumor e de suas características histológicas, em termos de maior ou menor diferenciação.