Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados.Resumo: Os estudos sobre os profissionais do mundo das finanças e da economia romana ainda são muito elementares devido à falta de documentação sobre o tema, e devido também à diminuição de estudos sobre história econômica e social do trabalho. A elite romana, grande produtora das fontes que chegaram até nós, tinha grande menosprezo pelas atividades técnicas, sejam elas quais fossem; as atividades ligadas às finanças, como a dos emprestadores profissionais de dinheiro, os chamados faeneratores, eram tidas como as mais desprezíveis. Os historiadores contemporâneos se debruçaram largamente sobre o tema dos bancos e banqueiros, mas um profissional do mundo das finanças, conhecido como faenerator, ainda não recebeu a atenção merecida por parte deles, porque durante muito tempo não era visto como um profissional, e sim como executor de uma atividade financeira esporádica que poderia ser desenvolvida por qualquer pessoa. O objetivo deste artigo é apresentar algumas considerações a partir da perspectiva da história econômica e social sobre a profissão de emprestadores de dinheiro a juros, os faeneratores; sobre a forma como eram socialmente vistos pela elite romana; sobre o nível de especialização e, enfim, sobre o impacto econômico e social desta atividade dentro da urbs. Tal estudo parte da análise da documentação escrita de finais da República (século I a.C.) e do início do Império Romano (século I d.C.), e da análise da historiografia contemporânea sobre os profissionais técnicos das finanças na Antiguidade.Palavras-chave: banqueiros, agiotas, faenerator, empréstimo a juros, economia antiga.Abstract: Studies about finance and economy professionals in ancient Rome are still very elementary due to the lack of sources about the topic and also the decreasing number of studies on economic and social labor history. The Roman elite, producer of most sources available nowadays, had much contempt for technical activities, whatever they were. Financial activities, like the one exercised by professional money lenders, the so-called faeneratores, were among the most despised. Contemporary historians have thoroughly researched banks and bankers, but the finance world professionals called faeneratores have not yet received the deserved attention because for a long time many historians considered them not a professional category but practitioners of a sporadic activity that could be carried out by anyone. In that sense, this article intends to discuss some perspectives from economic and social history on money lenders, the faeneratores, how they were regarded by the Roman elite, their level of expertise and the economic impact their activity had inside the urbs. To do so, the article analyzes the documentation from the Late Roman Republic to the Early Empire and the historiography about these finance professionals in...