Acolhimento da população masculina sob a percepção dos profissionais de enfermagem: desconstrução da invisibilidade

Abstract

Objetivos: Descrever a percepção dos profissionais de enfermagem sobre o acolhimento à população masculina na estratégia de saúde da família; identificar as ações de acolhimento à população masculina realizadas pelos profissionais de enfermagem na Estratégia de Saúde da Família e discutir o impacto do acolhimento da população masculina, com enfoque na saúde desse grupo pela Estratégia de Saúde da Família. Metodologia: Estudo descritivo e exploratório, com abordagem qualitativa, desenvolvido com 17 profissionais de enfermagem da Estratégia de Saúde da Família, em 2019, no município do Rio de Janeiro. O instrumento de coleta de dados foi a entrevista semiestruturada e, para análise dos dados, foi aplicada a técnica de análise de conteúdo, conforme etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados, inferência e interpretação. Resultados e Discussão: Evidenciam a (não) compreensão sobre o acolhimento ao homem pelos profissionais de enfermagem, demonstrando fragilidade em lidar com a população masculina. A análise apontou que essa dificuldade está relacionada à ausência do homem na unidade básica e à dificuldade do profissional em lidar com a perspectiva relacional de gênero masculino. Tal situação traduz-se na invisibilidade dessa população na unidade básica de saúde, que também pode estar associada ao déficit na capacitação dos profissionais em saúde do homem e de conhecimento sobre a política nacional de atenção integral à saúde do homem. Considerações Finais: Faz-se necessária a compreensão de integralidade em saúde sob a perspectiva relacional do gênero, da vulnerabilidade masculina, entre outras questões, para que o acolhimento atenda às necessidades da população masculina.

O desvelar do machismo no autocuidado em saúde da população masculina

“…Embora ao longo dos anos tenha havido mudanças nessa dinâmica, o patriarcado como expressão do machismo, ainda exerce uma influência significativa na sociedade e nas relações interpessoais. O poder patriarcal estabelece ideais rígidos sobre como homens e mulheres devem se comportar na sociedade, resultando na divisão de papéis baseados no gênero e na promoção da desigualdade de tratamento entre as pessoas (Rocha et al, 2020).…”

“…Desse modo, na sociedade contemporânea, ser homem é estar inserido no modelo de masculinidade arraigado desde os primórdios das civilizações, e para atingir este ideal, os homens negam comportamentos considerados femininos e manifestam características determinadas pela sociedade como masculinas, a exemplo da força, virilidade e a invulnerabilidade, negligenciando desta forma, a própria saúde em detrimento deste pensamento, ou seja, o machismo se configura como um dos principais fatores que contribuem para a dificuldade dos homens em redefinir esses padrões e dinâmicas sociais e de se perceber vulnerável e buscar informações e cuidados acerca da sua saúde (Gandra et al, 2021;Rocha et al, 2020).…”

Espaço de cuidados de enfermagem à saúde do homem e ao câncer de próstata: relato de uma atividade extensionista

“…Em contrapartida, majoritariamente homens não costumam ser captados aos serviços de saúde, principalmente na atenção primária. No estudo de Rocha et al 4 , é perceptível o conhecimento dúbio entre profissionais de enfermagem sobre o que é acolher a população masculina na Estratégia Saúde da Família, bem como apontam a inexistência de ações específicas voltada a este público. Em paralelo, a PNAISH prevê a paternidade e o cuidado como modo de fortalecer o vínculo e envolvimento dos pais com seus filhos, para assim, contribuir para melhorias de saúde na população masculina, visto que promover a participação do homem no pré-natal, pós-parto e cuidados da criança, aproxima este indivíduo aos serviços de saúde, oportunizando o alcance da promoção da saúde à essa população 5 .…”

“…Estes objetivos contribuem na formação dos futuros profissionais de saúde, de modo a aprimorar o cuidado à saúde do homem, visto que na própria formação de enfermagem, a assistência à população masculina ainda é frágil, impactando de forma negativa na assistência ao homem 4 . Assim, inclui-se também nesta justificativa a necessidade da discussão da importância da implementação de projetos que visem o cuidado ao homem, indo em consonância a PNAISH.…”