Adaptação Humana ao Stress em Contextos Desportivos: Teoria, Avaliação, Investigação e Intervenção

Abstract

Não existem dúvidas acerca do facto dos fatores psicológicos desempenharem um papel fundamental no modo como os atletas se adaptam ao contexto desportivo bem como acerca da influência destes fatores no rendimento desportivo que os atletas obtêm ao longo das suas carreiras (Cox, Shannon, McGuire, & McBride, 2010;Hatzigeorgiadis, Zourbanos, Galanis, & Theodorakis, 2011;MacNamara, Button, & Collins, 2010). No entanto, existem muitas dúvidas acerca do modo como o "lado mental" interfere nesta adaptação e no sucesso desportivo final obtido em cada competição disputada. Uma das razões que justifica este facto prende-se com a grande dificuldade em estudar, de um modo integrado, os fatores que podem influenciar a adaptação dos atletas a situações stressantes no desporto e que podem, no final, condicionar o rendimento desportivo.Uma das propostas conceptuais que mais tem avançado neste esforço integrado de compreender a adaptação humana em situações de stress é a Teoria Cognitiva, Motivacional e Relacional de Lazarus (1991Lazarus ( , 1999. De um modo geral, a teoria propõe que a adaptação humana a situações exigentes implica que analisemos, de um modo unificado, o stress, a avaliação cognitiva e confronto (i.e., o confronto) e as emoções. Ou seja, para percebermos a razão pela qual uma dada pessoa se adapta bem ao stress, implica considerar a situação em que ela se encontra (e.g., fonte de stress), o modo como a situação é percebida pela pessoa (e.g., processos de avaliação cognitiva ao nível primário), o modo como a situação é enfrentada pela pessoa (e.g., processos de avaliação cognitiva ao nível secundário, ou confronto) e o modo como a pessoa se sente antes, durante e após a situação de mudança (e.g., emoções).Nesta linha de pensamento, Gomes (2014) propõe o Modelo Interativo de Adaptação ao Stress, onde sugere que o entendimento da adaptação humana em situações de stress implica considerar a interação entre os processos de avaliação cognitiva e as respostas psicológicas, fisiológicas e comportamentais que conduzem, no final, a um determinado resultado, positivo ou negativo, no modo como cada pessoa lida com as exigências colocadas pelo stress. Este processo interativo é condicionado por fatores antecedentes (ao nível das características da situação e da pessoa em causa) bem como pela importância que a pessoa atribui a essa mesma situação de stress (ver Figura 1). Esta abordagem tem igualmente uma natureza transacional como a proposta de Lazarus (1991Lazarus ( , 1999, tendo a vantagem de incluir no processo de análise uma maior complexidade nos processos de avaliação cognitiva (que podem ser de primeiro e segundo níveis) e o facto de atribuir um papel mais relevante à perceção de importância atribuída pela pessoa à situação stressante, representando a "porta de entrada" do início da adaptação ao stress. Por outro lado, o modelo fornece algumas indicações acerca do estatuto das variáveis nos planos de investigação deste fenómeno,

How self-reflection and resilience can affect pre-competition anxiety? Evidence from national competitive table tennis in adolescent players

“…Many researchers have discussed the significant relationship between emotion and cognition (Doron & Martinent, 2017;Martinent & Ferrand, 2007;Smith et al, 1988), as cognitive development can regulate competitive anxiety (Gomes, 2017). For example, Zhang et al (2018) directly tested the different cognitive functions that are thought to be impaired when performing under anxiety.…”

Adaptation to stress in football athletes: The importance of cognitive appraisal

“…In sum, filling an important gap in the literature (Nicholls et al, 2012;Wong et al, 2015;Gomes, 2017) by pursuing a comprehensively investigating of the process of adaptation to competitive stressors, this study sought to analyze (1) the mediating role of cognitive appraisal in the relationship between competitive stressors and emotional experience; and (2) the moderating role of competitive level in the relationship between competitive stressors, cognitive appraisal, and emotions (cf. Figure 1).…”

“…Some research that analyzed the relationship between emotions and performance in athletes (e.g., Lane et al, 2009Lane et al, , 2010 suggested that positive emotional and psychological states, such as happiness, calm, and confidence, were associated with optimal performance (achievement of an important goal), whereas negative emotional and psychological states (e.g., anger and confusion) were associated with a dysfunctional performance and failure to achieve an important goal. These studies allow an understanding of the factors involved in the process of adaptation to stress; however, it is difficult to capture the whole experience of stress just by analyzing parts of the adaptation process, which reinforces the importance of capturing this process in an integrated way (Nicholls et al, 2012;Wong et al, 2015;Gomes, 2017). Thus, this study aims to provide an integrative framework to understand adaptation to stressors on young athletes by taking an integrative analysis of competitive stressors, cognitive appraisal of a stressful situation, and the arising emotions of the stressful situation, considering, at the same time, the athletes' characteristics (i.e., competitive level) that can influence the cognitive processing of stressful situations and, consequently, the adaptation process.…”