O vírus da Dengue (DENV) é composto por RNA de fita simples e é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Com quatro sorotipos existentes (DENV1, DENV2, DENV3 e DENV), o vírus predomina em regiões tropicais e subtropicais ao redor do mundo, estando presente em mais de 100 países e gerando um impacto considerável com mais de 400 milhões de casos anuais, casos esses que podem levar a quadros graves e até mesmo ao óbito. Diante desse cenário, associado à falta de tratamento específico além dos tratamentos de suporte para a Dengue, as vacinas aparecem como ferramenta essencial na prevenção contra essa arbovirose e seus impactos na população. Diante disso, o Brasil disponibiliza a vacina QDenga através do Sistema Único de saúde. Todavia, uma nova vacina vem sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan e está programada para integrar ao programa de vacinação em 2025 mediante à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com a Dengue representando um problema de saúde global, incluindo o Brasil, afetando milhões de pessoas e gerando impactos graves não só nos indivíduos infectados mas também na sociedade como um todo, e a destacada importância das vacinas na prevenção da doença, o presente estudo visa ampliar a informação acerca da vacinação contra a Dengue no Brasil, esclarecendo a composição, a eficácia e potenciais benefícios dessas vacinas na prevenção da doença. Metodologia: Revisão integrativa da literatura nas bases de dados Pubmed, Scielo, Lilacs e os websites (https://butantan.gov.br), (https://www.gov.br/saude/pt-br) e (https://www.uptodate.com) utilizando os descritores ´´dengue vaccine``, ´´Qdenga`` e ´´Butantan``. Foram incluídos artigos publicados entre 2014 e 2024, nas línguas portuguesa e inglesa. O estudo foi acrescido da ficha técnica disponibilizada pela empresa Takeda Pharmaceutical Company, fabricante da vacina (QDenga®). Apenas estudos disponíveis na íntegra e que estivessem relacionados às características e ao impacto dessas duas vacinas contra a dengue foram selecionados. Pesquisas com data de publicação com períodos superiores a 10 anos, disponibilizadas apenas na forma de resumo, publicados em periódicos de baixo fator de impacto ou com metodologias não condizentes com o escopo deste estudo foram eliminadas. Discussão: Disponível no Sistema único de saúde (SUS) a vacina Qdenga, utiliza o DENV de forma atenuada, estimulando a produção de células e anticorpos específicos para conferir proteção à pessoa imunizada. A Qdenga oferece proteção contra as quatro cepas existentes, desempenhando papéis cruciais na prevenção de reinfecções. De acordo com informações disponíveis no site oficial do Instituto Butantan, a nova vacina que vem sendo formulada incorpora o vírus atenuado e engloba as quatro variações do vírus da dengue em versões enfraquecidas. A eficácia evidenciada no ensaio clínico, de 79,6%, envolveu tanto quem já tinha tido dengue como aqueles sem infecção prévia. Ao longo de dois anos, a proteção foi observada em todas as faixas etárias, sendo 90% em adultos de 18 a 59 anos, 77,8% em quem tinha de 7 a 17 e 80,1% nas crianças de 2 a 6 anos. A diferenciação na faixa etária coberta pelas vacinas do Instituto Butantan é notável, enquanto a vacina do Butantan inclui crianças a partir de dois anos de idade, a vacina Qdenga possui alvo para crianças a partir de quatro anos. Essa distinção representa uma ampliação significativa na proteção da população infantil contra a dengue. Além disso, a nova vacina necessita de apenas uma dose, em contraste com as duas doses com intervalo de três meses entre elas necessitadas pela Qdenga. A produção de uma vacina nacional contra a dengue é crucial por vários motivos. Em primeiro lugar, ela adiciona uma ferramenta significativa ao conjunto de estratégias de combate à doença, oferecendo maior diversidade e flexibilidade aos programas de vacinação. Sobre os riscos da não vacinação, após a conclusão do esquema vacinal, a QDenga® demonstra uma eficácia global de 60% a 80% contra a infecção, enquanto sua eficácia na prevenção de formas graves da doença atinge de 85% a 90%. Esses resultados sugerem que a vacina pode evitar aproximadamente 8 em cada 10 casos de dengue grave, reduzindo significativamente o risco de hospitalização. Conclusão: As vacinas contra a dengue têm evidenciado um papel crucial na redução da gravidade dos casos de indivíduos infectados, na mitigação de complicações associadas e consequentemente promovendo um alívio na demanda em cima do sistema de saúde. Dessa maneira, além do desenvolvimento de novas vacinas e tecnologias que forneçam uma melhora logística e ampliação da cobertura vacinal, também é necessário reforçar as políticas públicas já em vigor para que se promova maior conscientização da população para que ela entenda seu papel no enfrentamento dos desafios impostos pela doença.