Hiperaldosteronismo primário-uma causa de hipertensão arterial RESUMO Enquadramento: A grande maioria dos doentes com hipertensão arterial apresenta a forma primária. No entanto, podem surgir formas secundárias no decorrer da doença, sendo a mais prevalente o hiperaldosteronismo primário. Entre as duas principais etiologias encontram-se o adenoma produtor de aldosterona e a hiperplasia supra-renal, sendo a primeira mais comum. Descrição do caso: Doente de 74 anos, hipertenso, com fibrilhação auricular crónica, controlado com diuréticos e anti-arrítmico, submetido a valvuloplastia mitral por estenose, apresenta-se na consulta por elevação dos níveis tensionais, associada a palpitações e síncope. Na avaliação laboratorial foi detectada hipocaliemia, o que levantou a suspeita de efeito adverso de diurético e/ou de hiperaldosteronismo. O último diagnóstico foi confirmado após estudos complementares, que indicaram aldosterona plasmática e urinária elevadas e renina plasmática baixa. A tomografia computorizada detectou nódulo sólido na supra-renal direita, compatível com adenoma. O doente foi referenciado a consulta de Endocrinologia, medicado com espironolactona. Aguarda eventual adrenalectomia unilateral. Comentário: O caso clínico evidencia que, durante a evolução da hipertensão arterial, podem surgir formas secundárias, potencialmente curáveis, para as quais o médico de família deve estar alerta. Procedendo-se a uma história clínica detalhada e a um exame físico rigoroso, associados ao pedido descriminado de exames complementares de diagnóstico, é possível conhecer a etiologia da hipertensão arterial secundária. Este caso é ilustrativo da relevância que tem a continuidade de cuidados prestados pelo médico de família e a boa articulação entre os cuidados primários e os cuidados hospitalares.