O lúpus eritematoso é uma doença autoimune com manifestações clínicas diversas, sendo que o acometimento cutâneo pode se manifestar como uma condição exclusivamente de pele, lúpus eritematoso cutâneo (LEC), ou como parte das várias apresentações do lúpus eritematoso sistêmico (LES). As lesões cutâneas causadas pela doença podem ter um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes, principalmente devido à sua persistência crônica e às sequelas desfigurantes que podem resultar delas. Nesse contexto, as abordagens terapêuticas atuais podem beneficiar os pacientes, porém persistem várias necessidades não atendidas, incluindo o desenvolvimento de medicamentos mais eficazes e menos tóxicos. O objetivo do presente artigo é revisar a literatura acerca do acometimento cutâneo do lúpus eritematoso e as principais estratégias utilizadas para seu tratamento. Realizou-se uma revisão integrativa a partir das bases de dados PubMed, MEDLINE e SciELO, mediante a utilização dos descritores: “Cutaneous lupus erythematosus” e “Cutaneous lupus erythematosus AND treatments”. Foram selecionados 18 artigos nos idiomas português, inglês e espanhol, publicados no período de 2018 a 2023. O desenvolvimento de lúpus eritematoso envolve condições complexas, influenciadas por múltiplos fatores genéticos e ambientais. Em relação aos fatores genéticos, destaca-se o acometimento de genes relacionados à apoptose celular, migração de leucócitos, via do interferon tipo I, cascata de complemento, apresentação de antígenos e produção de anticorpos. Já em relação às influências ambientais, evidencia-se a exposição à radiação ultravioleta (UVA e UVB), o consumo de medicamentos indutores e o tabagismo como possíveis gatilhos. No tratamento, é essencial adotar medidas gerais, como a fotoproteção e a suplementação de vitamina D, além da abstinência ao tabagismo, caso esteja presente. A terapêutica medicamentosa envolve medicamentos tópicos, como corticosteroides tópicos e inibidores da calcineurina, e sistêmicos, como corticosteroides e retinoides sistêmicos, antimaláricos, imunomoduladores, anti-inflamatórios e imunossupressores. Ademais, existem terapias biológicas emergentes, que visam células do sistema imunológico ou moléculas pró-inflamatórias, sendo possível citar a Rituximabe, Belimumabe, BIIB059, Anifrolumabe, AMG 811, Baricitinibe e Ustekinumabe como integrantes de estudos promissores. A percepção do acometimento cutâneo do lúpus eritematoso como uma condição digna de estudo independente é fundamental para pacientes que sofrem de LEC sem LES associado, além daqueles com LES que têm um bom controle da doença, mas enfrentam lesões cutâneas resistentes ao tratamento. Dessa forma, a compreensão aprofundada das melhores abordagens terapêuticas é fundamental para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes e o desenvolvimento de diretrizes de tratamento eficazes para essa condição dermatológica.