A enfermagem em serviços de emergência representa uma força de trabalho vulnerável ao adoecimento. Durante a pandemia, o risco de infecções e a elevada demanda de trabalho aumentou essa vulnerabilidade. Deve-se investigar o impacto após a pandemia. Avaliar o perfil do absenteísmo-doença nos períodos antes, durante e após a pandemia de COVID-19 em profissionais de enfermagem de um serviço de emergência. Estudo transversal, retrospectivo, quantitativo, desenvolvido no serviço de emergência de um hospital do sul do Brasil. Os dados foram disponibilizados pelo setor de medicina ocupacional, com uma amostra de 1357 afastamentos, de 146 profissionais de enfermagem. Período de março/2019 a maio/2022, perfazendo cortes temporais de “pré-pandemia”, “pandemia” e “pós-pandemia”. Realizadas análises descritivas e inferenciais. Seguiu-se preceitos éticos. CAAE: 69221923.0.0000.5327. Houve um aumento no absenteísmo ao longo dos períodos (p<0,001). A taxa de absenteísmo aumentou de 2,3% para 3,9% durante a pandemia, e manteve-se elevada (3,7%) após a pandemia (p<0,001). Covid-19 foi a causa mais prevalente de afastamento na pandemia (p<0,001), enquanto lesões osteomusculares foram a causa mais prevalente nos outros períodos (p=0,014). Os técnicos de enfermagem apresentaram mais afastamentos por lesões osteomusculares do que enfermeiros (p<0,001). Houve redução nos afastamentos por doenças cardiovasculares (p=0,028) e cirurgias (p=<0,001) durante e após a pandemia. Profissionais com mais de 54 anos apresentaram afastamentos mais longos que outras idades (p<0,001). Não houve variação nos afastamentos por adoecimento psicológico durante a pandemia. Pôde-se identificar um aumento significativo no adoecimento e afastamento dos profissionais durante a pandemia, que perdurou após a pandemia. Mudanças no perfil de absenteísmo que surgiram durante a pandemia não retornaram ao normal após a pandemia. Foi possível elucidar fatores sociodemográficos e laborais que influenciam no perfil de absenteísmo.