Introduçãosaga humana de produção de alimentos para a sobrevivência levou a Ciência e a Tecnologia (C&T) a dedicarem-se a sistemas agrícolas intensivos em insumos e capital sob a premissa do princípio da familiaridade, segundo o qual se avança até que se encontrem problemas. Houve de fato um aumento na produtividade dos cultivos. Entretanto, essa estratégia resultou em externalidades negativas que a C&T não conseguem mitigar e mesmo os avanços tecnológicos, como a produção de organismos geneticamente modificados ou transgênicos, não conseguiram diminuir esses efeitos adversos ao meio ambiente e à saúde humana.São muitas as ameaças à agrobiodiversidade, conceituada como a parte da biodiversidade utilizada pela humanidade. Não só as práticas utilizadas na agricultura industrial ou química, como também as mudanças climáticas contribuem para a extinção de espécies e para minar os processos ecológicos. As variedades transgênicas ameaçam sobremaneira a agrobiodiversidade pela contaminação por transgenes, bem como a diversidade cultural das comunidades tradicionais.Surgem então preocupações e propostas para que sistemas agrícolas sustentáveis possam ser utilizados na produção de alimentos e outras necessidades humanas. Trata-se agora da saga pela sobrevivência não só da espécie humana, como da maioria das espécies. Uma metodologia milenar é a conservação pelo uso, na qual os agricultores de todo o mundo cultivam, conservam, produzem alimentos, fibras e outras necessidades de forma sustentável.A agroecologia é um dos sistemas agrícolas mais sustentáveis sob todos os aspectos e propõe-se a resgatar a dignidade humana dos agricultores que ao longo da história domesticaram plantas e animais e mantiveram grande parte da diversidade genética utilizada pela espécie humana. Além disso, ao conservarem a agrobiodiversidade, esses agricultores promoveram práticas e inovações que são agora reconhecidas pela comunidade científica e pelos tomadores de decisões.Assim, este artigo trata das ameaças à agrobiodiversidade, bem como discute oportunidades e estratégias para a conservação e o uso sustentável da diversidade genética, essencial não só para a sobrevivência da espécie humana, mas também dos processos ecológicos essenciais à manutenção da vida no planeta.