A poluição do ar é problemática presente em muitos contextos socioespaciais afetando milhões de pessoas anualmente no mundo. A intensa urbanização e os riscos socioambientais estão atrelados a mortalidade por doenças cardiorrespiratórias agravadas por contextos atípicos, como o da pandemia da Covid-19. Por meio de dados de mortalidade do Ministério da Saúde e poluentes atmosféricos buscou-se identificar a relação entre a exposição à poluição do ar e os óbitos por Covid -19 na região Norte do Brasil. Utilizamos um modelo estatístico misto binomial negativo com inflação de zero (ZINB) para os óbitos por Covid-19 em nível de município como desfecho, e para a média de longo prazo, poluentes atmosféricos (PM2,5, NO2 e O3). Foram incluídos variáveis-controles - climáticas, demográficas e oferta de equipamentos e profissionais de saúde. Os resultados evidenciam associação positiva entre as mortes por Covid-19 e material particulado (PM2,5) com incremento de cerca de 1,15 µg/m³ no modelo principal, assim como, para os modelos bipoluentes (O3 e NO2) e (PM2,5 e O3). A análise geral confirma o incremento de poluentes atmosféricos no agravamento e consequente mortalidade por Covid-19 para todos os municípios da Região Norte. Contexto atrelado também a baixa escolaridade, a baixa renda, a baixa oferta de leitos e profissionais de saúde, indicando a seletividade espacial existente, principalmente, para populações vulnerabilizadas.