O artigo procura estudar as dinâmicas do abastecimento de água na cidade do Rio de Janeiro, ao longo do século XIX, examinando-se, em particular, a atuação dos guardas de chafariz. Tanto no período colonial, como no império, as fontes públicas foram edificadas como marcos de poder no mundo urbano. No entanto, a partir dos pontos de distribuição hídrica, numerosos aguadeiros ainda precisavam completar o circuito até as moradas, o que determinava a presença maciça de pessoas escravizadas nos chafarizes da cidade. Do ponto de vista dos órgãos da administração, isso impunha a necessidade de vigilância nos espaços da água no sentido da manutenção dos equipamentos, mas também do controle estrito de seus frequentadores. Nesse contexto, parecem ter sido conformados os princípios que definiram o papel desses agentes públicos – os guardas de chafariz – no Rio de Janeiro oitocentista.