Álcool E Violência Nas Relações Conjugais: Um Estudo Qualitativo Com Casais

Abstract

Este estudo qualitativo descritivo objetivou compreender a relação entre o consumo de álcool e a expressão da violência no relacionamento de casais compostos por pelo menos um cônjuge dependente do álcool. Foram realizadas entrevistas com uso de roteiro semiestruturado com dez casais, posteriormente transcritas e submetidas à análise de conteúdo. Todos os casais relataram violência conjugal, atrelada ao uso de álcool. A violência, principalmente verbal e física, foi protagonizada por ambos os cônjuges e agravada com o tempo e com o aumento da quantidade de ingestão de álcool. Foram relatadas outras dificuldades relacionais e de trabalho, associadas ao uso contínuo do álcool, além de histórico de uso de substâncias e de violência nas famílias de origem dos participantes. Este estudo evidenciou a complexidade e a dinâmica da violência conjugal, associada à dependência de álcool, que deve ser considerada em programas de prevenção, redução de danos ou outras intervenções e encaminhamentos do casal enquanto um sistema que demanda atenção integral.

Daily life of women with alcoholic companions and the provided care

“…Studies (Martins et al 2012, Mota 2013, Feijó et al 2016) reveal similar situations, which highlight the life marked by moments of violence, sense of insecurity and fear for unusual behaviors, especially the frequently oscillating temperaments. the power relations in that coexistence and constant charges, incompatible with the existing and oppressive situations, limit the exercise of other roles and generate great sufferings for the woman who becomes increasingly lonely and unhappy.…”

Memória de mulheres em convivência com companheiros alcoolistas

“…As relações de conflitos conjugais são recordadas pelas participantes por episódios de violências durante crises alcoólicas dos companheiros. A ocorrência de violência contra a mulher não pode ser concebida pela relação causa-efeito, a exemplo da unicausalidade, nem Research, Society and Development, v. 9, n. 7, e551974268, 2020 (CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i7.4268 deve ser entendida como consequência do ato de beber, contudo o álcool se apresenta ora como precipitante, ora como potencializador das agressões quando há associação entre a quantidade de álcool consumida e o aumento do comportamento violento do parceiro (Feijó, et al, 2016), ocasionado pelo efeito do álcool no sistema nervoso simpático do alcoolista (Carvalho, et al, 2018).…”

“…No presente estudo, o caso de Rosa e Margarida, que fizeram uso do pedido de separação, percebe-se a dificuldade da continuidade do processo, onde as mulheres ameaçaram se separar na esperança de mudança de atitude em relação ao álcool ou à violência vivida. Estabelecer a separação definitiva, portanto, perpassa por enfrentar a pressão social em preservar a unidade familiar, além de romper os ciclos de violência e superar as dependências de ordem afetiva e financeira que mantém a mulher no relacionamento (Rosa, 2017;Feijó, et al, 2016;Saffioti, 2015).…”

Violência por parceiro íntimo em abuso de álcool perpetrada contra mulheres no climatério

“…Além da relação de controle e dominação do homem sobre a mulher, fatores como o ciúme, a questão financeira, a infidelidade do parceiro, a paternidade sem planejamento e o abuso de álcool, contribuem e intensificam os conflitos nas relações íntimas. 5 Outro fator importante que passa despercebido, especialmente pelo desconhecimento, é a fase do climatério que compreende a transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo da mulher, envolvendo seu último ciclo menstrual. Essa fase ocorre entre os 35 e aos 65 anos de idade, podendo acarretar mudanças na vida conjugal, profissional e sociocultural da mulher.…”

“…Portanto, pode ocorrer em qualquer relação entre cônjuges, namorados, ex-cônjuges ou parceiros sem união formalizada, independente do sexo. 5 O mapa da violência aponta que os atendimentos femininos de situações de violência até os 59 anos de idade, superam os atendimentos masculinos. Ao analisar o conjunto de todas as faixas etárias, observa-se que a violência doméstica é predominante sendo que, no que diz Violência por parceiro íntimo em abuso de álcool perpetrada contra mulheres no climatério | 4…”