Este texto discute as iniciativas estatais responsáveis pela abertura da “Estrada das Missões”, traçado correspondente aos “Campos de Palmas”, no processo de delimitação territorial do Império do Brasil, entre os anos de 1845 (momento em que emergem interesses e ações, por parte das elites paulistas e do próprio governo central, para a abertura de uma nova via de transporte e comunicação entre as províncias de São Paulo e São Pedro do Rio Grande do Sul) e 1865 (momento de intensa disputa política entre paranaenses e catarinenses pelo controle fiscal da atividade do tropeirismo, nas chamadas “terras contestadas”). Defende-se, assim, que a Estrada das Missões constituiu-se como obra extremamente importante – e não apenas como, conforme destacado por boa parte da historiografia, uma simples “via alternativa” para a condução do gado até a feira de muares de Sorocaba-SP – na formação das fronteiras sulistas, bem como na própria expansão da colonização num espaço que era descrito – pelas narrativas da época – como “sertão desconhecido”. É possível afirmar, desse modo, que essa estrada foi estratégica para a concretização das pretensões estatais em termos de integração territorial e econômica, uma vez que foi decisiva para a afirmação do tropeirismo como uma das principais atividades econômicas desenvolvidas no Brasil Meridional durante o oitocentos. Para a escrita deste artigo, foram examinados documentos escritos e cartográficos confeccionados nas esferas locais, regionais e nacionais de poder. Essa documentação, enfim, possibilitou investigar e compreender o complexo contexto – político, econômico e territorial – de existência da Estrada das Missões.