A automedicação é descrita como o uso de medicamentos sem prescrição médica para tratar doenças ou sintomas auto reconhecidos, sendo um importante problema de saúde entre os idosos. Apesar da ampla gama de diferentes definições, o reconhecimento de todas as formas de automedicação entre idosos, particularmente em países em desenvolvimento, ajuda os profissionais de saúde e profissionais a reduzir os efeitos nocivos da automedicação. O objetivo deste estudo é descrever a prática da automedicação e seus fatores relacionados entre idosos de uma comunidade do município de Itapemirim/ES, a partir das experiências de pessoas envolvidas nesse fenômeno. Trata-se de estudo qualitativo, por meio da análise de conteúdo. A amostragem intencional foi utilizada para selecionar os participantes e continuou até a saturação. Os participantes foram idosos, seus cuidadores, médicos e farmacêuticos. Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada e a análise por meio de abordagem indutiva. A teoria do comportamento planejado foi utilizada como referencial para explicar o papel dos fatores emergentes na ocorrência do comportamento de automedicação. Com base nas experiências expressas pelos participantes, os fatores relacionados à prática da automedicação entre os idosos do município de Itapemirim/ES enquadraram-se nessas 5 categorias: "atitudes do paciente em relação à doença, ao tratamento e aos médicos", "convivendo com a doença", "ambientes hostis", "sistema de saúde facilitador" e "outros influentes". Com base nos resultados deste estudo, a automedicação de idosos de uma comunidade do município de Itapemirim/ES tem pontos em comum com muitos municípios do Espírito Santo no que diz respeito a medicamentos isentos de prescrição e medicinas alternativas e complementares. No entanto, a automedicação também é vista com medicamentos que exigem receita médica, mas podem ser facilmente obtidos em farmácias. Os fatores contribuintes, além do próprio idoso, incluem sua família, cuidadores e círculo social, o ambiente físico onde vivem e o sistema de saúde do qual recebem serviços.