Ambiente construído e bem-estar subjetivo: análise das diferenças entre os usuários dos diferentes modos de transporte

Abstract

O bem-estar subjetivo (subjective well-being) tem sido foco de crescente atenção na comunidade acadêmica nas últimas décadas, e especificamente na área de transportes (economia, ambiente urbano, mobilidade e acessibilidade). Os objetivos desse estudo são analisar a existência de diferenças na percepção do ambiente construído entre usuários de transporte ativo, transporte coletivo e transporte individual; e comparar o efeito do ambiente construído no bem-estar para os três grupos de usuários. Utilizando dados de uma pesquisa de atividade física na cidade de São Paulo - Brasil, modelos de equações estruturais multigrupo foram estimados. O estudo mostrou que o ambiente construído influencia o bem-estar dos indivíduos para os três grupos de usuários. Evidenciou a existência de diferenças na percepção do ambiente construído entre os grupos. Os resultados podem contribuir para debates acadêmicos e políticos sobre bem-estar, qualidade de vida e sustentabilidade urbana considerando a falta de investigações empíricas aprofundadas sobre este tópico.

Hipóteses de influência da relação social, do hábito e da conscientização no comportamento de escolha dos modos de transporte

“…Considera-se que o hábito influencia o próprio comportamento (Klöckner e Blöbaum, 2010;Cristo, 2013;Donald, Cooper e Conchie, 2014;Cristo e Gunther, 2015;Feitosa, 2017;Fu e Juan, 2017a; Lanzini e Khan, 2017; Şimşekoğlu, Nordfjaern e Rundmo, 2017; Kalter, Puello e Geurs, 2021), fazendo com que indivíduos com um certo hábito tendam a manter seus comportamentos habituais. Observou-se também que o hábito é influenciado pela percepção dos usuários (Cristo, 2013;Samios, Larrañaga e Cybis, 2019), seja sobre os atributos do sistema ou do ambiente construído. A percepção representa uma avaliação individualizada, já que envolve a satisfação com os atributos dos modos e do contexto.…”

“…Acredita-se que quanto mais positivo for a percepção sobre um modo, mais suscetível a pessoa será para usá-lo. Ademais, foi visto que a percepção sobre o sistema não se refere exclusivamente aos atributos da oferta do sistema (Allen, Muñoz e Ortúzar, 2019), mas também ao ambiente construído no qual ele está inserido (Samios, Larrañaga e Cybis, 2019). Dessa forma, a percepção do usuário sobre o ambiente construído também será integrada a representação.…”