O objetivo deste capítulo foi apresentar um estudo empírico que testa um modelo preditivo hipotético-teórico para o comportamento empresarial, por meio da comparação entre empreendedores e inventores (p.ex., programadores, criadores, desenvolvedores etc.), analisando o funcionamento cognitivo-emocional subjacente ao perfil empreendedor e aos valores humanos. Utilizando-se das principais teorias e pesquisas sobre comportamento empreendedor, analisaram-se os aspectos relacionados aos empreendedores e inventores, partindo do pressuposto de que quando se tornam empresários, as atitudes e características que os diferenciam tornam-se mais evidentes. O estudo empírico apresentado teve uma abordagem descritiva de caráter quantitativo no modo de coleta e análise dos dados, sendo utilizados 3 instrumentos de pesquisa: (i) Inventário de Barreiras e Facilitadores ao Empreendedorismo, (ii) Questionário de Valores Básicos, e (iii) Escala Experimental de Orientação aos Negócios. Os instrumentos foram aplicados em duas amostras não-probabilísticas de conveniência de 230 pessoas (119 empreendedores e 111 inventores). Foi utilizado o teste de Mann-Whitney (U) para amostras independentes, para comparar os escores dos dois grupos, e o coeficiente de associação e a correlação Rô de Spearman para dar suporte à interpretação dos resultados descritivos. Os resultados mostram que, de modo geral, não houve diferença de escores entre empreendedores e inventores. Apesar disso, dois elementos mostraram diferenças estatisticamente significativas entre empreendedores e inventores, a saber, o fator Inovação (U = -3,136; gl = 228; p = 0,002) e a subfunção suprapessoal (U = -2,867; gl = 208; p = 0,005). Isto é, os inventores mostram mais inovação e criatividade, priorizando a maturidade, o conhecimento e a beleza. Sob outro viés de análise, quanto à orientação aos negócios, os Inventores e Empreendedores demonstraram orientação distinta para todos os itens testados. Depreende-se que os resultados mostram compatibilidade com as teorias do empreendedorismo e se alinham ao modelo comportamental empreendedor, colocando os inventores como indivíduos de comportamento diverso ou mesmo na figura de “pré-empreendedores” (empreendedores em potencial ou em formação).