ResumoAs compras servem para atender necessidades do consumidor, mas também assumem o papel de representar uma identidade ou estilo de vida. Quando o consumo se consolida como uma forma de retomada do equilíbrio emocional ou aceitação social, pode configura-se como um comportamento de compra compulsivo. O presente artigo objetivou verificar se existe diferença na interpretação de uma escala de consumo compulsivo para diferentes níveis de renda. Em seguida, como objetivos complementares estão a validação da escala de D'astous e Roberge para amostra estudada no Brasil e a verificação da diferença do grau de comportamento de compra compulsivo considerando o critério renda. O método escolhido para a análise de dados foi a modelagem de equações estruturais multigrupo com uma amostra segmentada em Renda mais baixa e Renda mais alta. Os resultados demonstram que a escala de comportamento compulsivo de compra (CCC) apresentou uma ótima adequação ao cenário nacional, demonstrando validade e confiabilidade. Constatou-se que a renda não interfere na interpretação da CCC e pessoas com renda mais alta apresentam maior sentimento de culpa após comprar. Os resultados demonstram também que pessoas com renda mais baixa apresentam a mesma tendência a gastar que aqueles com renda mais alta e uma culpa após comprar menor do que as com renda mais alta. Este resultado pode indicar que tanto pessoas com renda mais alta como pessoas com renda mais baixa podem adquirir problemas financeiros, no entanto, para pessoas com menor renda isso pode significar maiores problemas familiares e sociais quando confirmado o consumo compulsivo. Palavras-chave: Comportamento compulsivo de compra, Renda, Equações estruturais multigrupo
IntroduçãoAs compras servem como uma forma afirmar ou consolidar a identidade ou estilo de vida pessoal, demonstrar valores pessoais, auto-confiança e auto-realização, associando a compra como auto-gratificante (Amatulli & Guido, 2011). Essa ideia da representação por meio dos bens de consumo já vem sendo discutida por Belk (1988) que trouxe contribuições para o desenvolvimento a partir de reflexões advindas da psicologia, construindo o conceito de eu-estendido (self-extended).